“Chegamos ao final de mais um ano de missão na Pastoral junto às pessoas em situação de mobilidade. Mais um ano provado pela situação pandémica que limitou a execução de muitas actividades, em vista das medidas de biossegurança a serem cumpridas. Mesmo assim foi possível alcançar a maioria dos objectivos propostos para este ano, graças à disponibilidade e serviço generoso de muitos agentes da pastoral das migrações, de organizações nacionais e internacionais que apoiaram este serviço de atendimento, sobretudo aos mais vulneráveis”. Estas as primeiras palavras de Dom Zeferino Zeca Martins S.V.D., Arcebispo de Huambo e Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes de Angola e São Tomé (CEPAMI), na sua Mensagem de apresentação do Relatório de Actividades do ano de 2021. O Presidente da CEPAMI sublinhava também que esta missão inclui “aprender dos próprios migrantes a lição de que estamos todos a caminho, peregrinos sobre a terra, em busca do Reino de Deus, pátria definitiva, construindo este caminho já desde agora, através da luta por uma vida justa e digna aqui na terra”.
O Relatório, da autoria da Ir. Neide Lamperti M.S.C.S., Secretária Executiva da CEPAMI, salienta os impactos da pandemia na vida dos migrantes e refugiados em Angola: “A vida dos migrantes e refugiados (…), com o fechamento dos comércios, praças e as restrições impostas, ficou ainda mais difícil, porque eles ficaram sem dinheiro para alimentos, medicamentos e alguns foram expulsos de suas residências por atraso na renda. Muitos estão vivendo da ajuda de vizinhos, ONGs e grupos que levam cestas básicas e kits de higiene. (…) A pandemia escancarou as desigualdades sociais, evidenciou a desproteção dos grupos mais vulneráveis e confirmou que em tempos de crise eles são sempre os primeiros a sofrer diversas formas de violência, simbólicas e concretas, legais e ilegais, perpetradas pelo Estado ou sob sua conivência”.
Apesar das dificuldades suscitadas pela pandemia, “em 2021 a CEPAMI desenvolveu muitas actividades, dando resposta às exigências pastorais e sempre se adaptando à realidade da pandemia do coronavírus, apresentando alternativas à dinamização pastoral, essencialmente em acções formativas dos animadores, conferências, celebrações e participação em diversas actividades”. O Relatório sintetiza as principais atividades desenvolvidas:
– Cursos de Formação para Agentes da Pastoral das Migrações nas dioceses de Viana, Huambo (também para as dioceses do Kwito Bié e Benguela) e Saurimo (também para as dioceses do Dundo e Lwena).
– Conferências para Agentes da Ordem da Polícia Nacional, Polícia de Guarda Fronteira, Agentes Reguladores de Trânsito, Agentes do Serviço de Migração e Estrangeiro, Animadores da Pastoral das Migrações, Autoridades Governamentais, civis e políticas, Líderes religiosos das distintas Igrejas Cristãs e não Cristãs, na cidade de Mbanza Congo e no posto fronteiriço do Luvo.
– Encontros de Formação para diversos destinatários: animadores diocesanos e paroquiais da Pastoral das Migrações e de outras pastorais, mulheres refugiadas, jovens.
– Actividades em comemoração da Semana do Refugiado, no mês de junho.
– Semana do Migrante e do Refugiado, de 22 a 26/09, centrada na Mensagem do Papa para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado “Rumo a um nós cada vez maior”, salientando-se a organização da Feira do Migrante e do Refugiado em parceria com a Organização Omunga.
– Celebrações diversas.
– Reuniões de trabalho da CEPAMI com diversas entidades.
– Encontros com as comunidades de migrantes.
– Participação em eventos diversos, em cursos e em lives e eventos internacionais.
– Participação nas actividades da Rede Angola de Protecção a Migrantes e Refugiados.
– Divulgação do trabalho pelos meios de comunicação.
– Cursos oferecidos a refugiados, repatriados e deslocados internos: cursos profissionalizantes, aulas e curso de línguas.
– X Assembleia Geral da CEPAMI, de 25 a 27/11, em Luanda.
São ainda apresentados os relatórios das dioceses de Luanda, Lubango, Malange, Cabinda, M’Banza Kongo, Caxito, Saurimo, Ndalatando, Uíge, Huambo, Kuito Bié, Menongue, Viana, Benguela, Dundo, Sumbe, Luena e Ondjiva. O Relatório refere os principais materiais elaborados pela CEPAMI em 2021 e tece algumas considerações acerca do Relatório Financeiro, dando relevo às entidades financiadoras da CEPAMI: USCCB, MISEREOR, Conferência Episcopal Espanhola e uma doadora particular.
As últimas palavras da Ir. Neide Lamperti constituem uma síntese da Pastoral das Migrações: “A abertura mútua enriquece-nos, pois é um momento propício para viver o valor evangélico da fraternidade e de poder dar um novo impulso à nossa religiosidade. É, portanto, fundamental ter uma atitude de hospitalidade, de acolhimento e de escuta a fim de encorajar aqueles que chegam, e para ajudar aqueles que já lá se encontram a integrarem-se naturalmente na vida da Igreja”.
Para o relatório completo, ver aqui.