ANGOLA: Relatório das atividades da CEPAMI em 2020

ANGOLA: Relatório das atividades da CEPAMI em 2020

“Este não é tempo para o esquecimento das situações que afligem migrantes, refugiados e deslocados internos, não podendo ser relegados para plano secundário, nas agendas políticas nacionais. Nos seus rostos, somos chamados a reconhecer o rosto de Cristo, sedento, faminto, nu, doente, forasteiro e encarcerado”. Assim se exprimia Dom Zeferino Zeca Martins S.V.D., Arcebispo de Huambo e Presidente da Comissão Episcopal para os Migrantes e Itinerantes de Angola e São Tomé (CEPAMI), na Mensagem de apresentação do Relatório de Atividades do ano de 2020. O Presidente da CEPAMI sublinhava como a situação de vulnerabilidade a que as pessoas forçadas a deslocar-se estão sujeitas “agravou-se com a existência da pandemia do COVID 19, apresentando-se como verdadeiro caos na vida dos mais vulneráveis; são homens e mulheres, velhos e crianças que ao abandonarem as suas zonas de origem na procura de um lugar melhor, vivem experiências de precariedade, abandono, marginalização e rejeição”.

O Relatório, da autoria da Ir. Neide Lamperti M.S.C.S., Secretária Executiva da CEPAMI, e do Sr. Octávio Vangawette Buco, Secretário, salienta precisamente o impacto da pandemia na vida dos migrantes e refugiados, impacto esse considerado como desproporcional “em alguns indivíduos e grupos específicos, sobretudo os imigrantes, as pessoas refugiadas e deslocadas, as pessoas que vivem em pobreza, aquelas que não têm acesso a água e saneamento ou habitação adequada. Com o estado de emergência aumentaram os casos de violência doméstica entre os refugiados e migrantes baseada no género e a carga de cuidados e trabalho doméstico não remunerado”. 

Apesar de todas as dificuldades suscitadas pela pandemia, “em 2020 a CEPAMI procurou desenvolver as suas atividades, respondendo às exigências pastorais e adaptando-se à realidade pandémica que se vive, propondo situações alternativas na dinamização das atividades, sobretudo em ações formativas dos líderes para que tenham a capacidade de inclusão, pois este não é tempo para o esquecimento das situações que afetam migrantes, refugiados e deslocados internos”. O Relatório sintetiza as principais atividades desenvolvidas:

  • Seminários de Formação para Animadores da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes, nas dioceses de Viana, Sumbe e Luanda.
  • Encontros de Formação para Coordenadores das comunidades dos refugiados.
  • Cursos de Formação de Formadores para as dioceses de Viana, Luanda e Caxito.
  • Atividades em comemoração do Mês do Refugiado, no mês de junho.
  • Semana do Migrante, de 26/09 a 7/10, centrada na Mensagem do Papa para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado e culminando com uma Conferência sobre as medidas de proteção e integração de refugiados e imigrantes em Angola, organizada pela Rede Angolana de Proteção a Migrantes e Refugiados.
  • Reuniões de trabalho da CEPAMI com diversas entidades.
  • Participação em eventos de trabalho, em formações e em lives internacionais.
  • Divulgação do trabalho pelos meios de comunicação.
  • Projetos sociais: formação e alfabetização para mulheres e jovens migrantes em situação de vulnerabilidade; entrevistas da OIM para o Programa de Retorno Voluntário Assistido e Reintegração; prevenção do COVID 19 nas províncias de Luanda e Uíge.


Merecem também atenção no Relatório alguns sectores específicos de pastoral: Apostolado do Mar; Pastoral da Estrada; Pastoral da Aviação Civil; Pastoral para os Refugiados. São ainda apresentados os relatórios das dioceses de Luanda, Viana, Cabinda, Namibe, Sumbe, Uíge e Caxito. Por fim, são apresentados os principais materiais elaborados pela CEPAMI em 2020 e apresenta-se uma reflexão sobre os avanços e as dificuldades encontradas durante o ano, bem como algumas perspectivas traçadas para o ano de 2021. Uma última palavra para as entidades financiadoras da CEPAMI: USCCB, MISEREOR, Conferência Episcopal Espanhola, Weltkirche e Irmãs Scalabrinianas. 

As últimas palavras são todo um programa para a Pastoral das Migrações: “Podemos tirar algumas lições da pandemia e melhorar a maneira como vivemos. Junto a migrantes e refugiados podemos viver mais: a resiliência, a solidariedade, a união, a fé e esperança, a valorização da vida e a criatividade. Situações de crise convidam a nos reinventar, a repensar nossas relações com as pessoas que estão próximas e a natureza. É necessário ser criativo para lidar com as dificuldades e adaptar a vida, a pastoral e ajudar as pessoas”.

Para o relatório completo, ver aqui.