[…] A nossa existência é uma peregrinação, um caminho. Até aqueles que são
impelidos por uma esperança simplesmente humana sentem a sedução do
horizonte, que os leva a explorar mundos ainda desconhecidos. A nossa alma é
uma alma migrante. A Bíblia está cheia de histórias de peregrinos e viajantes. A
vocação de Abraão começa com esta exortação: «Deixa a tua terra» (Gn 12, 1). E o
patriarca abandona aquele recanto de mundo que conhecia bem e que era um dos
berços da civilização do seu tempo. Tudo conspirava contra a sensatez daquela
viagem. E no entanto Abraão parte. Não nos tornamos homens e mulheres
maduros, se não sentirmos a atração do horizonte: aquele limite entre o céu e a
terra que pede para ser alcançado por um povo de caminhantes. […]