Desejo manifestar a minha gratidão aos organizadores do encontro «A ciência pela paz», por ocasião do Jubileu de São Gabriele [de Nossa Senhora das Dores], cujo santuário se situa na encosta do Gran Sasso, sede dos Laboratórios Nacionais de Física Nuclear.
Saúdo as autoridades académicas e científicas, os hóspedes das instituições nacionais e europeias e todos os homens e mulheres comprometidos na investigação científica.
Entre eles, gostaria de recordar o Prof. Antonino Zichichi, Presidente da Federação Mundial de Cientistas — galardoado nesta ocasião com a mais alta honorificência da Universidade de Teramo — que continua a dedicar a sua vida ao desenvolvimento da ciência e à educação das novas gerações.
Estimados e ilustres cientistas, o vosso encontro é um grande dom de esperança para a humanidade. Nunca como neste tempo se sentiu tanta necessidade de um relançamento da investigação científica para enfrentar os desafios da sociedade contemporânea. E estou feliz por saber que é a Comunidade diocesana de Teramo que promove este encontro, testemunhando assim que não pode e não deve existir oposição entre fé e ciência.
Como recordei na Encíclica Fratelli tutti , é urgente «conhecer a realidade para construir em conjunto» (n. 204). A fim de fazer crescer e desenvolver o desejo de conhecimento que se esconde no coração de cada homem e mulher, a pesquisa científica coloque as suas indicações ao serviço de todos, procurando sempre novas formas de colaboração, de partilha de resultados e de construção de redes.
Além disso, «não se deve ocultar — recordei ainda na Encíclica — o risco de um progresso científico ser considerado a única abordagem possível para se entender um aspeto da vida, da sociedade e do mundo» (ibidem ).
A experiência da emergência sanitária solicitou ainda mais, e de certa forma de modo ainda mais urgente, o mundo da ciência a repensar as perspetivas da prevenção, da terapia e da organização dos cuidados de saúde, tendo em consideração as implicações antropológicas ligadas à socialidade e à qualidade das relações entre os membros da família e, sobretudo, entre as gerações.
Nenhum saber científico deve caminhar sozinho e sentir-se autossuficiente. A realidade histórica torna-se cada vez mais una, única (cf. ibid. ) e deve ser servida na pluralidade dos conhecimentos, que na sua especificidade contribuam para o crescimento de uma nova cultura capaz de edificar a sociedade, promovendo a dignidade e o desenvolvimento de cada homem e mulher.
Diante dos novos desafios, a vós, caros amigos e amigas da ciência, está confiada a tarefa de testemunhar como é possível construir um novo vínculo social, comprometendo-vos a fazer com que a investigação científica se torne próxima de toda a comunidade, local e internacional, e que juntos é possível superar todos os conflitos.
A ciência é um grande recurso para construir a paz!
Peço-vos que acompanheis a formação das novas gerações, ensinando-as a não ter medo do esforço de investigação. Até o Mestre se faz procurar: Ele infunde em todos a certeza de que quando procuramos com honestidade encontramos a verdade. A mudança de época precisa de novos discípulos do conhecimento e vós, caros cientistas, sois os mestres de uma nova geração de pacificadores.
Asseguro-vos que estou próximo de vós e toda a Igreja vos está próxima, com a oração e o encorajamento.