Desejo transmitir a minha saudação a todos os participantes neste segundo Colóquio Santa Sé — México sobre a migração internacional, manifestando um agradecimento especial aos organizadores e relatores. Este encontro ocorre por ocasião do 25° aniversário do restabelecimento das relações diplomáticas entre os Estados Unidos Mexicanos e a Santa Sé. É, por conseguinte, uma oportunidade propícia para fortalecer e renovar os nossos laços de colaboração e de entendimento a fim de continuar a trabalhar juntos em prol dos necessitados e dos descartados da sociedade. No momento atual, em que a Comunidade internacional está engajada em dois processos que levarão a adotar dois pactos globais, um sobre os refugiados e outro sobre a migração segura, ordenada e regular, gostaria de vos encorajar na vossa tarefa e esforço a fim de que a responsabilidade da gestão global e partilhada da migração internacional encontre o seu ponto de força nos valores da justiça, da solidariedade e da compaixão. Para esta finalidade, é necessária uma mudança de mentalidade: passar da consideração do outro como uma ameaça contra o nosso conforto para o seu apreço como alguém que com a própria experiência de vida e os seus valores pode introduzir melhorias e contribuir para a riqueza da nossa sociedade. Por conseguinte, a atitude fundamental consiste em «ir ao encontro do outro, para o acolher, conhecer e reconhecer» (Homilia durante a Missa para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, 14 de janeiro de 2018). Para fazer face e dar resposta ao fenómeno da migração atual, é necessária a ajuda de toda a Comunidade internacional, dado que ele tem uma dimensão transnacional, que supera as possibilidades e os meios de muitos Estados. Esta cooperação internacional é importante em todas as etapas da migração, desde o país de origem até ao destino, assim como em facilitar o regresso e o trânsito. Em cada uma destas passagens, o migrante é vulnerável, sente-se sozinho e isolado. Tomar consciência disto é extremamente importante se quisermos dar uma resposta concreta e digna a este desafio humanitário. Por fim, gostaria de assinalar que, relativamente à questão da migração, não estão em jogo apenas números, mas pessoas, com a própria história, cultura, sentimentos e aspirações. Estas pessoas, que são nossos irmãos e irmãs, precisam de uma proteção constante, independentemente do seu status migratório. Os seus direitos fundamentais e a sua dignidade devem ser protegidos e defendidos. Uma atenção especial há de ser reservada aos migrantes menores, às suas famílias, a quantos são vítimas das redes do tráfico de seres humanos e às pessoas deslocadas por causa de conflitos, desastres naturais e perseguições. Todos eles esperam que tenhamos a coragem de abater o muro daquela cumplicidade cómoda e muda que agrava a sua situação de abandono e que centremos sobre eles a nossa atenção, a nossa compaixão e a nossa dedicação. Dou graças a Deus pelo trabalho e o serviço que prestais e exorto-vos a continuar os vossos esforços para ir ao encontro deste grito dos nossos irmãos, que nos pedem para os reconhecer como tais e para lhes dar a oportunidade de viver com dignidade e em paz, favorecendo assim o desenvolvimento dos povos. E concedo a todos vós a Bênção Apostólica.