MOÇAMBIQUE – A CEMIRDE forma agentes da pastoral da mobilidade humana

MOÇAMBIQUE – A CEMIRDE forma agentes da pastoral da mobilidade humana

Desde 2012, a Comissão Episcopal para Migrantes, Refugiados e Deslocados (CEMIRDE) tem vindo a realizar uma série de formações para os coordenadores e agentes da pastoral da mobilidade humana, com o intuito de estruturar e fortalecer esta pastoral nas Dioceses, Paróquias e Comunidades. Para avaliar o impacto bem como o estado organizacional das Comissões Diocesanas e Paroquiais, a CEMIRDE organizou de 13 a 17 de julho último um Seminário Nacional subordinado ao lema “Rumo a um nós cada vez maior” (Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial do Migrante e Refugiado de 2021). O evento teve lugar no Centro de Espiritualidade Paulo VI, em Laulane, Maputo, e contou com a presença de todos os coordenadores diocesanos das 12 dioceses de Moçambique, entre outros convidados.

A secretária-geral da CEMIRDE, Irmã Marinês Biasibetti, em representação do Bispo de Lichinga e Presidente da CEMIRDE, Dom Atanásio Canira, expressou a comunhão com o Santo Padre, que tem vindo a demonstrar a sua grande preocupação com as pessoas vulneráveis (migrantes, refugiados e deslocados) vítimas de guerras, perseguições e calamidades naturais: “A Conferência Episcopal de Moçambique (CEM) não tem ficado indiferente à situação de migrantes, refugiados e deslocados por meio da CEMIRDE. Temos consciência de que migrantes e refugiados constituem novos desafios pastorais e a Igreja católica procura dar-lhes uma resposta de esperança. Unidos ao Santo Padre procuramos reforçar o NÓS cada vez maior”.

Na perspetiva de garantir uma maior consolidação da Pastoral da Mobilidade Humana a fim de responder aos diversos desafios migratórios que marcam o contexto atual de Moçambique, foram partilhados os seguintes conteúdos:

  1. Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial do Migrante e Refugiado de 2021 “Rumo a um nós cada vez maior” Pe. Salvador Bila, Diretor do Secretariado Geral da CEM.
  2. Direitos e deveres dos migrantes e refugiados – Dr. José Muianga, um dos advogados da CEMIRDE.
  3. O contexto sócio-político de Moçambique: um olhar sobre os deslocamentos internos forçados e suas consequências – Dr. Adriano Nuvunga, Diretor Executivo do CDD (Centro Para Democracia e Desenvolvimento).
  4. Tráfico de pessoas, órgãos e partes do corpo humano: uma abordagem a partir do estudo comparativo das 3 pesquisas – Secretária-geral, Coordenador e Assistente de Projetos do Secretariado-geral da CEMIRDE. 
  5. Doutrina Social da Igreja no acolhimento e integração a migrantes, refugiados e deslocados e Migrações Internacionais – Pe. Francisco Fumo, Diretor do Secretariado de Pastoral da Arquidiocese de Maputo e assessor espiritual da CEMIRDE.
  6. Orientações Pastorais sobre as Pessoas Deslocadas Internamente – Irmã Irene Cavalli, Missionária das Irmãs do Imaculado Coração.

 

Cada coordenador partilhou um breve resumo da realidade migratória da sua diocese, os trabalhos realizados e os principais desafios enfrentados. Ficou claro que a situação migratória é bastante preocupante em todas as províncias, principalmente nos distritos com limite de fronteira, onde muitos migrantes escalam o país em busca de melhores condições de vida (emprego, comércio e terra para cultivar), sendo que uma parte se encontra de passagem com destino à cidade de Maputo e África do Sul. Quanto aos refugiados, entram no país por motivos de guerra, calamidades naturais e perseguição política.  Foram apontados os megaprojetos como sendo um dos principais fatores que provocam o constante movimento de pessoas e reassentamentos, bem como os mais de 800.000 deslocados vítimas da guerra em Cabo Delgado, tendo impacto também nas províncias circunvizinhas. 

O Seminário Nacional mostrou ser uma plataforma eficiente para a troca de experiências e ideias entre as diferentes dioceses de modo a traçar ações que visam acolher, proteger, promover e integrar as pessoas em mobilidade, rumo a um nós cada vez maior.