17 Fevereiro 2016 | Homília, Visita apostólica

VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO AO MÉXICO (12-18 DE FEVEREIRO DE 2016) SANTA MISSA HOMILIA DO SANTO PADRE

Área da Feira de Ciudad Juárez

[…] Aqui em Ciudad Juarez, como noutras áreas fronteiriças, concentram-se
milhares de migrantes da América Central e doutros países, sem esquecer tantos
mexicanos que procuram também passar para «o outro lado». Uma passagem, um
caminho carregado de injustiças terríveis: escravizados, sequestrados, objectos de
extorsão, muitos irmãos nossos acabam vítimas do tráfico humano.
Não podemos negar a crise humanitária que, nos últimos anos, levou à migração de
milhares de pessoas, quer por via ferroviária ou rodoviária quer mesmo a pé
atravessando centenas de quilómetros de montanhas, desertos, caminhos
inóspitos. Hoje, esta tragédia humana que é a migração forçada, tornou-se um
fenómeno global. Esta crise que se pode medir em números, queremos medi-la por
nomes, por histórias, por famílias. São irmãos e irmãs que partem, forçados pela
pobreza e a violência, pelo narcotráfico e o crime organizado. No meio de tantas
lacunas legais, estende-se uma rede que apanha e destrói sempre os mais pobres.
À pobreza que já sofrem, vem juntar-se o sofrimento de todas estas formas de
violência. Uma injustiça que se radicaliza ainda mais contra os jovens: como «carne
de canhão», eles vêem-se perseguidos e ameaçados quando tentam sair da espiral
de violência e do inferno das drogas. E que dizer de tantas mulheres a quem
arrebataram injustamente a vida? […]
[…] Hoje, como sucedeu no tempo de Jonas, também apostamos na conversão; há
sinais que se tornam luz no caminho e anúncio de salvação. Conheço o trabalho de
muitas organizações da sociedade civil em favor dos direitos dos migrantes. Estou a
par também do trabalho generoso de muitas irmãs religiosas, de religiosos e
sacerdotes, de leigos votados ao acompanhamento e à defesa da vida. Prestam
ajuda na vanguarda, muitas vezes arriscando a própria vida. Com a sua vida, são
profetas de misericórdia, são o coração compreensivo e os pés da Igreja que
acompanha, que abre os seus braços e apoia. […]