10 Setembro 2017 | Homília

VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO À COLÔMBIA (6-11 DE SETEMBRO DE 2017) SANTA MISSA HOMILIA DO SANTO PADRE

Porto de Contecar, Cartagena das Índias

[…] No Evangelho, Jesus prevê também a possibilidade de o outro se fechar, se
negar a mudar, persistir no seu mal. Não podemos negar que há pessoas que
persistem em pecados que ferem a convivência e a comunidade: «Penso no drama
dilacerante da droga com a qual se lucra desafiando leis morais e civis» (Francisco,
Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2014, 8). Este mal ameaça diretamente a
dignidade da pessoa humana e, gradualmente, rompe a imagem que o Criador
moldou em nós. Condeno firmemente esta praga que apagou tantas vidas e que é
mantida e sustentada por pessoas sem escrúpulos. Não se pode jogar com a vida
do nosso irmão, nem manipular a sua dignidade. Lanço um apelo para que se
procurem as formas de pôr fim ao narcotráfico, que para nada mais serve senão
para semear morte por todo o lado, destroçando tantas esperanças e destruindo
tantas famílias. Penso também noutro drama: «na devastação dos recursos
naturais e na poluição em curso, na tragédia da exploração do trabalho; penso nos
tráficos ilícitos de dinheiro como também na especulação financeira que, muitas
vezes, assume carateres predadores e nocivos para inteiros sistemas económicos e
sociais, lançando na pobreza milhões de homens e mulheres; penso na prostituição

que diariamente ceifa vítimas inocentes, sobretudo entre os mais jovens, roubando-
lhes o futuro; penso no abomínio do tráfico de seres humanos, nos crimes e abusos

contra menores, na escravidão que ainda espalha o seu horror em muitas partes do
mundo, na tragédia frequentemente ignorada dos emigrantes sobre quem se
especula indignamente na ilegalidade» (Ibidem, 8); e especula-se até com uma
«assética legalidade» pacifista que não tem em conta a carne do irmão, que é a
carne de Cristo. Também para isto devemos estar preparados e solidamente
fundados em princípios de justiça que, em nada, diminuem a caridade. Não é
possível conviver em paz, sem fazer nada contra aquilo que corrompe a vida e
atenta contra ela. A propósito, lembramos todos aqueles que, ousada e
incansavelmente, trabalharam e até perderam a vida em defesa e proteção dos
direitos da pessoa humna e da sua dignidade. Como a eles, a história pede-nos
para assumirmos um compromisso definitivo na defesa dos direitos humanos, aqui
em Cartagena das Índias, lugar que escolhestes como sede nacional da defesa
deles.[…]