[…] Saúdo também a Igreja latina, aqui presente há milénios, que ao longo do
tempo viu crescer, na pessoa dos seus filhos, o entusiasmo da fé e que hoje,
graças à presença de muitos irmãos e irmãs migrantes, se apresenta como um
povo «multicolor», um verdadeiro e concreto lugar de encontro entre etnias e
culturas diferentes. Este rosto eclesial reflete o papel de Chipre no continente
europeu: uma terra com os campos dourados, uma ilha acariciada pelas ondas
do mar, mas sobretudo uma história que é entrelaçamento de povos e mosaico
de encontros. Assim é também a Igreja: católica, isto é, universal, espaço
aberto onde todos são acolhidos e abrangidos pela misericórdia de Deus e pelo
convite a amar. Não há – e oxalá nunca existam – muros na Igreja Católica. Não
nos esqueçamos disto: ninguém de nós aqui foi chamado por proselitismo dum
pregador. Nunca o esqueçamos! O proselitismo é estéril, não dá vida. Todos nós
fomos chamados pela misericórdia de Deus, que não Se cansa de chamar, não
Se cansa de estar perto, não Se cansa de perdoar. Onde estão as raízes da nossa
vocação cristã? Na misericórdia de Deus. É preciso que nunca o esqueçamos. O
Senhor não desilude; a sua misericórdia não dececiona. Sempre espera por nós.
Não há – e oxalá nunca existam – muros na Igreja Católica. Vo-lo peço por
favor! É uma casa comum, é o lugar das relações, é a convivência da
diversidade: este rito, aquele rito…; um pensa assim, esta irmã viu dum modo,
aquela viu doutro… A diversidade de todos e, nesta diversidade, a riqueza da
unidade. E quem faz a unidade? O Espírito Santo. E quem faz a diversidade? O
Espírito Santo. Quem puder compreender, compreenda. Ele é o autor da
diversidade, tal como é o autor da harmonia. Assim o dizia São Basílio: «Ipse
harmonia est – Ele próprio é a harmonia». É Ele Quem faz a diversidade dos
dons e a unidade harmoniosa da Igreja. […]