Na atual conjuntura histórica, trinta anos depois do fim do regime totalitário que tolhia a liberdade e as iniciativas, a Bulgária está a enfrentar as consequências da emigração, ocorrida nas últimas décadas, de mais de dois milhões dos seus cidadãos à procura de novas oportunidades de trabalho. Ao mesmo tempo, a Bulgária – como muitos outros países do velho continente – precisa de encarar aquilo que se pode considerar como um novo inverno: o inverno demográfico, que se abateu como uma cortina de gelo sobre grande parte da Europa em consequência duma diminuição de confiança no futuro. E, assim, a queda da natalidade, que se veio somar àquele intenso fluxo migratório, levou ao despovoamento e abandono de muitas aldeias e cidades. Por outro lado, a Bulgária é confrontada com o fenómeno daqueles que, para escapar de guerras e conflitos ou da miséria, procuram penetrar nas suas fronteiras e tentam, de todos os modos, chegar às áreas mais ricas do continente europeu a fim de encontrar novas oportunidades de existência ou simplesmente um refúgio seguro. Senhor Presidente! Conheço o empenho com que, há anos, os governantes deste país se esforçam por criar condições para que sobretudo os jovens não sejam forçados a emigrar. Quero encorajar-vos a prosseguir por esta estrada, isto é, fazer todos os esforços por promover condições favoráveis a fim de que os jovens possam investir as suas viçosas energias e programar o seu futuro pessoal e familiar, encontrando na pátria condições que permitam uma vida digna. E a vós, que conheceis o drama da emigração, seja-me permitido sugerir que não fecheis os olhos, o coração e a mão – como é tradição vossa – a quem bate à vossa porta. O vosso país sempre se distinguiu como uma ponte entre Oriente e Ocidente, capaz de favorecer o encontro entre diferentes culturas, etnias, civilizações e religiões, que há séculos têm convivido aqui em paz. O desenvolvimento, mesmo económico e civil, da Bulgária passa necessariamente pelo reconhecimento e valorização desta sua caraterística específica. Que esta terra – delimitada pelo grande rio Danúbio e pelas margens do Mar Negro, tornada fértil pelo trabalho humilde de tantas gerações e aberta aos intercâmbios culturais e comerciais, integrada na União Europeia e possuindo laços sólidos com a Rússia e a Turquia – ofereça aos seus filhos um futuro de esperança. Deus abençoe a Bulgária, mantenha-a pacífica e acolhedora e a torne próspera e feliz!