17 Julho 2016 | Angelus

PAPA FRANCISCO ANGELUS

Praça São Pedro

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
[…] Entendida deste modo, a hospitalidade, que é uma das obras de misericórdia,
parece ser deveras uma virtude humana e cristã, uma virtude que no mundo de
hoje arrisca ser descuidada. Com efeito, multiplicam-se as casas de internação e os
lares, mas nem sempre nestes ambientes é praticada uma hospitalidade real. Dá-se
vida a várias instituições que assistem a muitas formas de doença, de solidão, de
marginalização, mas diminui a probabilidade para quem é estrangeiro,
marginalizado e excluído de encontrar alguém disposto a ouvi-lo: porque é
estrangeiro, refugiado, migrante, ouvir aquela história dolorosa. Até na própria
casa, entre os familiares, pode acontecer que se encontrem mais facilmente
serviços e cuidados de vários géneros em vez da escuta e acolhimento. Hoje
andamos totalmente ocupados, com frenesi, com tantos problemas — alguns dos
quais não importantes — que deixamos de ter a capacidade de ouvir. Andamos
continuamente atarefados e assim não temos tempo para ouvir. E eu gostaria de
vos perguntar, de vos apresentar uma questão, cada qual responda no seu
coração: tu, marido, tens tempo para ouvir a tua esposa? E tu, esposa, tens tempo
para ouvir o teu marido? Vós, pais, «perdeis» tempo a ouvir os vossos filhos? Ou os
vossos avós, os idosos? — «Mas os avós dizem sempre as mesmas coisas, são
tediosos…» — Mas têm necessidade de ser ouvidos! Ouvir. Peço-vos que aprendais
a ouvir e a dedicar tempo à escuta. Na capacidade da escuta está a raiz da paz.
[…]