É bom que este nosso encontro tenha lugar nos dias que antecedem o Natal. Estes são dias em que os nossos olhos se dirigem para o céu a fim de confiar a Deus as pessoas e situações com as quais mais nos preocupamos. Neste olhar, reconhecemo-nos como filhos de um só Pai, irmãos. Demos graças por todo o bem que existe no mundo, pelos muitos que se comprometem gratuitamente, pelos que dedicam a vida ao serviço, pelos que não desistem e constroem uma sociedade mais humana e justa. Nós sabemos que sozinhos não nos podemos salvar. Não podemos, não devemos olhar para o outro lado diante da injustiça, da desigualdade, do escândalo da fome no mundo, da pobreza, das crianças que morrem por falta de água, de alimentos, de cuidados básicos. Não podemos olhar para o outro lado diante de qualquer tipo de abuso contra menores. Todos juntos temos de combater este flagelo. Não podemos fechar os olhos a muitos dos nossos irmãos e irmãs que, por causa de conflitos e violência, miséria ou mudanças climáticas, deixam os seus países e muitas vezes encontram um triste destino. Não devemos ficar indiferentes diante da dignidade humana espezinhada e explorada, dos ataques contra a vida humana, tanto a que ainda não nasceu como a de cada pessoa que necessita de cuidados. Não podemos, não devemos olhar para o outro lado quando crentes de várias religiões são perseguidos em diferentes partes do mundo. O uso da religião para incitar ao ódio, à violência, à opressão, ao extremismo e ao fanatismo cego, assim como para forçar as pessoas ao exílio e à marginalização, clama pelo castigo de Deus. Mas a corrida armamentista e o rearmamento nuclear também clama pelo castigo de Deus. E é imoral não só o uso mas também a posse de armas nucleares, que são tão destrutivas que até o mero perigo de um acidente representa uma terrível ameaça para a humanidade. Não permaneçamos indiferentes face às muitas guerras que continuam a ser combatidas e que veem sucumbir tantas pessoas inocentes. A confiança no diálogo entre os povos e entre as nações, no multilateralismo, no papel das organizações internacionais, na diplomacia como instrumento de compreensão e entendimento, é indispensável para a construção de um mundo pacífico. Reconheçamo-nos membros de uma só humanidade e cuidemos da nossa terra que, geração após geração, nos foi confiada por Deus, para que a cultivemos e a deixemos em herança aos nossos filhos. O compromisso para reduzir as emissões poluentes e para uma ecologia integral é urgente e necessário: façamos algo antes que seja tarde demais! Escutemos a voz de muitos jovens que nos ajudam a tomar consciência do que está a acontecer no mundo de hoje e nos pedem para ser pacificadores e construtores, juntos e não sozinhos, de uma civilização mais humana e justa. Na sua simplicidade genuína, o Natal lembra-nos que o que realmente conta na vida é o amor!