[…] Neste momento a Europa atravessa principalmente quatro crises: da
demografia — “o inverno demográfico” — da migração, do trabalho e da educação.
Estas crises poderiam achar horizontes positivos exatamente na cultura do
encontro, onde diferentes agentes sociais, económicos e políticos se unem para
definir políticas a favor da família. Neste quatro campos já vos esforçais em vista de
propor respostas à medida da família, vendo nela um recurso e uma aliada para a
pessoa e para o seu ambiente. Neste sentido, a vossa tarefa consistirá muitas
vezes em suscitar um diálogo construtivo com os vários protagonistas do cenário
social, sem esconder a vossa identidade cristã; ao contrário, esta identidade levar-
vos-á a ver sempre além da aparência e do instante. Como justamente
evidenciastes, a cultura do instante exige uma educação para o amanhã. […]
Amadas famílias, recebestes muito dos vossos antepassados. Eles constituem a
memória permanente que nos deve impelir a recorrer à sabedoria do coração e não
apenas à técnica na criação de iniciativas sobre a família e em prol da família. Eles
são a memória, e as jovens gerações são a responsabilidade que está diante de
vós. Com esta sabedoria, por exemplo, o vosso serviço à sacralidade da vida
concretiza-se na aliança entre as gerações; realiza-se no serviço a todos, de
maneira especial aos mais necessitados, às pessoas portadoras de deficiência e aos
órfãos; realiza-se na solidariedade para com os migrantes; concretiza-se na arte
paciente de educar, que considera cada jovem um sujeito digno de todo o amor
familiar; realiza-se no direito à vida do nascituro que ainda não tem voz; e
concretiza-se em condições de vida dignas para os idosos. […]