[…] Antes de tudo, gostaria de reiterar que é inaceitável, porque desumano, um
sistema económico mundial que descarta homens, mulheres e crianças, porque
parece que eles deixaram de ser úteis segundo os critérios de rentabilidade das
empresas ou de outras organizações. Precisamente este descarte das pessoas
constitui o regresso e a desumanização de qualquer sistema político e económico:
aqueles que causam ou permitem o descarte do próximo — refugiados, crianças
abusadas ou escravizadas, pobres que morrem na rua quando faz frio — tornam-se
eles mesmos como que máquinas sem alma, aceitando implicitamente o princípio
de que também eles, mais cedo ou mais tarde, serão descartados — isto é um
bumerangue! Mas é verdade: mais cedo ou mais tarde, serão descartados —
quando já não forem úteis para uma sociedade que colocou no centro o deus
dinheiro.[…]