[…] A realidade da pandemia em curso recorda-nos mais uma vez que somos
«uma comunidade global onde os problemas de uma pessoa são os problemas
de todos» (cf. Carta Encíclica Fratelli tutti, 32). Apesar dos progressos médicos e
tecnológicos ao longo dos anos, algo de microscópico — um objeto
aparentemente insignificante — mudou para sempre o nosso mundo, quer nos
demos conta quer não. Como observei no início da pandemia, é urgente que
aprendamos com esta experiência e abramos os olhos para ver o que é mais
importante: uns com os outros (cf. Momento extraordinário de oração, 27 de
março de 2020). Em particular, é minha sincera esperança que através desta
experiência a comunidade internacional chegue a uma maior consciência do
facto de sermos uma família humana; cada um de nós é responsável pelos
próprios irmãos e irmãs, sem excluir ninguém. Esta é uma verdade que nos deve
impelir a enfrentar não só a atual crise sanitária, mas todos os problemas que
afligem a humanidade e a nossa casa comum — pobreza, migração, terrorismo,
alterações climáticas, para citar alguns — de modo solidário e não isolado. […]