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VISITA APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO AO BRASIL POR OCASIÃO DA XXVIII JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE ENCONTRO COM O EPISCOPADO BRASILEIRO DISCURSO DO SANTO PADRE

[…] Há um último ponto sobre o qual gostava de deter-me e que considero
relevante para o caminho atual e futuro não só da Igreja no Brasil, mas também de
toda a estrutura social: a Amazônia. A Igreja está na Amazônia , não como aqueles
que têm as malas na mão para partir depois de terem explorado tudo o que
puderam. Desde o início que a Igreja está presente na Amazônia com missionários,
congregações religiosas, sacerdotes, leigos e bispos, e lá continua presente e
determinante no futuro daquela área. Penso no acolhimento que a Igreja na
Amazônia oferece hoje aos imigrantes haitianos depois do terrível terremoto que
devastou o seu país.[…]

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VIAGEM A LAMPEDUSA (ITÁLIA) SANTA MISSA PELAS VÍTIMAS DOS NAUFRÁGIOS HOMILIA DO SANTO PADRE FRANCISCO

Emigrantes mortos no mar; barcos que em vez de ser uma rota de esperança,
foram uma rota de morte. Assim recitava o título dos jornais. Desde há algumas
semanas, quando tive conhecimento desta notícia (que infelizmente se vai
repetindo tantas vezes), o caso volta-me continuamente ao pensamento como um
espinho no coração que faz doer. E então senti o dever de vir aqui hoje para rezar,
para cumprir um gesto de solidariedade, mas também para despertar as nossas
consciências a fim de que não se repita o que aconteceu. Que não se repita, por
favor. Antes, porém, quero dizer uma palavra de sincera gratidão e encorajamento
a vós, habitantes de Lampedusa e Linosa, às associações, aos voluntários e às
forças de segurança, que tendes demonstrado – e continuais a demonstrar –
atenção por pessoas em viagem rumo a qualquer coisa de melhor. Sois uma
realidade pequena, mas ofereceis um exemplo de solidariedade! Obrigado!
Obrigado também ao Arcebispo Dom Francesco Montenegro pela sua ajuda, o seu
trabalho e a sua solidariedade pastoral. Saúdo cordialmente a Presidente da
Câmara Senhora Giusi Nicolini, muito obrigado por aquilo que fez e faz. Desejo
saudar os queridos emigrantes muçulmanos que hoje, à noite, começam o jejum do
Ramadão, desejando-lhes abundantes frutos espirituais. A Igreja está ao vosso lado
na busca de uma vida mais digna para vós e vossas famílias. A vós digo: oshià!
Nesta manhã quero, à luz da Palavra de Deus que escutamos, propor algumas
palavras que sejam sobretudo uma provocação à consciência de todos, que a todos

incitem a reflectir e mudar concretamente certas atitudes.

«Adão, onde estás?»: é a primeira pergunta que Deus faz ao homem depois do
pecado. «Onde estás, Adão?». E Adão é um homem desorientado, que perdeu o
seu lugar na criação, porque presume que vai tornar-se poderoso, poder dominar
tudo, ser Deus. E quebra-se a harmonia, o homem erra; e o mesmo se passa na
relação com o outro, que já não é o irmão a amar, mas simplesmente o outro que
perturba a minha vida, o meu bem-estar. E Deus coloca a segunda pergunta:
«Caim, onde está o teu irmão?» O sonho de ser poderoso, ser grande como Deus
ou, melhor, ser Deus, leva a uma cadeia de erros que é cadeia de morte: leva a

derramar o sangue do irmão!

Estas duas perguntas de Deus ressoam, também hoje, com toda a sua força!
Muitos de nós – e neste número me incluo também eu – estamos desorientados, já
não estamos atentos ao mundo em que vivemos, não cuidamos nem guardamos
aquilo que Deus criou para todos, e já não somos capazes sequer de nos guardar
uns com os outros. E, quando esta desorientação atinge as dimensões do mundo,

chega-se a tragédias como aquela a que assistimos.

«Onde está o teu irmão? A voz do seu sangue clama até Mim», diz o Senhor Deus.
Esta não é uma pergunta posta a outrem; é uma pergunta posta a mim, a ti, a
cada um de nós. Estes nossos irmãos e irmãs procuravam sair de situações difíceis,

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para encontrarem um pouco de serenidade e de paz; procuravam um lugar melhor
para si e suas famílias, mas encontraram a morte. Quantas vezes outros que
procuram o mesmo não encontram compreensão, não encontram acolhimento, não
encontram solidariedade! E as suas vozes sobem até Deus! Uma vez mais vos
agradeço, habitantes de Lampedusa, pela solidariedade. Recentemente falei com
um destes irmãos. Antes de chegar aqui, passaram pelas mãos dos traficantes,
daqueles que exploram a pobreza dos outros, daquelas pessoas para quem a
pobreza dos outros é uma fonte de lucro. Quanto sofreram! E alguns não

conseguiram chegar.

«Onde está o teu irmão?» Quem é o responsável por este sangue? Na literatura
espanhola, há uma comédia de Félix Lope de Vega, que conta como os habitantes
da cidade de Fuente Ovejuna matam o Governador, porque é um tirano, mas
fazem-no de modo que não se saiba quem realizou a execução. E, quando o juiz do
rei pergunta «quem matou o Governador», todos respondem: «Fuente Ovejuna,
senhor». Todos e ninguém! Também hoje assoma intensamente esta pergunta:
Quem é o responsável pelo sangue destes irmãos e irmãs? Ninguém! Todos nós
respondemos assim: não sou eu, não tenho nada a ver com isso; serão outros, eu
não certamente. Mas Deus pergunta a cada um de nós: «Onde está o sangue do
teu irmão que clama até Mim?» Hoje ninguém no mundo se sente responsável por
isso; perdemos o sentido da responsabilidade fraterna; caímos na atitude hipócrita
do sacerdote e do levita de que falava Jesus na parábola do Bom Samaritano: ao
vermos o irmão quase morto na beira da estrada, talvez pensemos «coitado» e
prosseguimos o nosso caminho, não é dever nosso; e isto basta para nos
tranquilizarmos, para sentirmos a consciência em ordem. A cultura do bem-estar,
que nos leva a pensar em nós mesmos, torna-nos insensíveis aos gritos dos outros,
faz-nos viver como se fôssemos bolas de sabão: estas são bonitas mas não são
nada, são pura ilusão do fútil, do provisório. Esta cultura do bem-estar leva à
indiferença a respeito dos outros; antes, leva à globalização da indiferença. Neste
mundo da globalização, caímos na globalização da indiferença. Habituamo-nos ao
sofrimento do outro, não nos diz respeito, não nos interessa, não é

responsabilidade nossa!

Reaparece a figura do «Inominado» de Alexandre Manzoni. A globalização da
indiferença torna-nos a todos «inominados», responsáveis sem nome nem rosto.
«Adão, onde estás?» e «onde está o teu irmão?» são as duas perguntas que Deus
coloca no início da história da humanidade e dirige também a todos os homens do
nosso tempo, incluindo nós próprios. Mas eu queria que nos puséssemos uma
terceira pergunta: «Quem de nós chorou por este facto e por factos como este?»
Quem chorou pela morte destes irmãos e irmãs? Quem chorou por estas pessoas
que vinham no barco? Pelas mães jovens que traziam os seus filhos? Por estes
homens cujo desejo era conseguir qualquer coisa para sustentar as próprias
famílias? Somos uma sociedade que esqueceu a experiência de chorar, de «padecer
com»: a globalização da indiferença tirou-nos a capacidade de chorar! No
Evangelho, ouvimos o brado, o choro, o grande lamento: «Raquel chora os seus
filhos (…), porque já não existem». Herodes semeou morte para defender o seu
bem-estar, a sua própria bola de sabão. E isto continua a repetir-se… Peçamos ao
Senhor que apague também o que resta de Herodes no nosso coração; peçamos ao
Senhor a graça de chorar pela nossa indiferença, de chorar pela crueldade que há
no mundo, em nós, incluindo aqueles que, no anonimato, tomam decisões

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socioeconómicas que abrem a estrada aos dramas como este. «Quem chorou?»

Quem chorou hoje no mundo?

Senhor, nesta Liturgia, que é uma liturgia de penitência, pedimos perdão pela
indiferença por tantos irmãos e irmãs; pedimo-Vos perdão, Pai, por quem se
acomodou, e se fechou no seu próprio bem-estar que leva à anestesia do coração;
pedimo-Vos perdão por aqueles que, com as suas decisões a nível mundial, criaram

situações que conduzem a estes dramas. Perdão, Senhor!

Senhor, fazei que hoje ouçamos também as tuas perguntas: «Adão, onde estás?»
«Onde está o sangue do teu irmão?».

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DISCURSO DO PAPA FRANCISCO À ASSEMBLEIA DA REUNIÃO DAS OBRAS PARA A AJUDA ÀS IGREJAS ORIENTAIS (ROACO)

[…] O conflito que semeia morte ceda o caminho ao encontro e à reconciliação,
portadores de vida. A todos aqueles que estão no sofrimento digo com vigor: nunca
percais a esperança! A Igreja está ao vosso lado, acompanha-vos e ampara-vos!
Peço-vos que façais o possível para aliviar as graves necessidades das populações
atingidas, de modo particular as sírias, o povo da amada Síria, as pessoas
deslocadas e os refugiados cada vez mais numerosos. […]

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PAPA FRANCISCO AUDIÊNCIA GERAL

[…] Amanhã celebrar-se-á o Dia Mundial do Refugiado. Este ano somos convidados
a considerar especialmente a situação das famílias refugiadas, muitas vezes
obrigadas a abandonar apressadamente a própria casa e a pátria, perdendo todos
os bens e a segurança, para fugir de violências, perseguições ou graves
discriminações por causa da religião professada, da pertença a um grupo étnico ou
das suas ideias políticas.
Além dos perigos da viagem, muitas vezes estas famílias enfrentam o risco de
desagregação e, no país que os recebe, devem confrontar-se com culturas e
sociedades diferentes das suas. Não podemos permanecer insensíveis em relação
às famílias e a todos os nossos irmãos e irmãs refugiados: somos chamados a
ajudá-los, abrindo-nos à compreensão e à hospitalidade.
Não faltem no mundo inteiro pessoas e instituições que os assistam: no seu rosto
está gravada a Face de Cristo! […]

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DISCURSO DO PAPA FRANCISCO AOS PARTICIPANTES NO ENCONTRO DOS ORGANISMOS CARITATIVOS CATÓLICOS QUE ACTUAM NO CONTEXTO DA CRISE NA SÍRIA E NOS PAÍSES VIZINHOS PROMOVIDO PELO PONTIFÍCIO CONSELHO “COR UNUM”

[…] À comunidade internacional peço que, juntamente com a busca de uma
solução negociada para o conflito, se favoreça a ajuda humanitária aos prófugos e
refugiados sírios, visando em primeiro lugar o bem da pessoa e a tutela da sua
dignidade. Para a Santa Sé, a obra dos Organismos Caritativos Católicos é
extremamente significativa: ajudar a população síria, sem olhar a pertenças étnicas
ou religiosas, é a forma mais directa de contribuir para a pacificação e a edificação
duma sociedade aberta a todos e cada um dos seus componentes. A isto mesmo
tende também o esforço da Santa Sé: construir um futuro de paz para a Síria, onde
todos possam viver livremente e exprimir-se na sua peculiaridade.[…]

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DISCURSO DO PAPA FRANCISCO À PLENÁRIA DO PONTIFÍCIO CONSELHO PARA A PASTORAL DOS MIGRANTES E ITINERANTES

Senhores Cardeais
Venerados Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio
Amados irmãos e irmãs!
É-me grato receber-vos por ocasião da Sessão Plenária do Pontifício Conselho para
a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes: a vigésima desde que, há vinte e cinco
anos, o Beato João Paulo II elevou a precedente Pontifícia Comissão a Pontifício
Conselho. Alegro-me convosco por esta meta alcançada e dou graças ao Senhor por
tudo o que permitiu realizar. Saúdo com afecto o Presidente, Cardeal Antonio Maria
Vegliò, e agradeço-lhe ter-se feito intérprete dos sentimentos de todos. Saúdo o
Secretário, os Membros, os Consultores e os Oficiais do Dicastério. Obrigado pela
atenção que prestais a numerosas situações difíceis no mundo. Prezado Cardeal,
Vossa Eminência referiu-se à Síria e ao Próximo Oriente, que estão sempre
presentes nas minhas preces.
O vosso Encontro tem como tema: «A solicitude pastoral da Igreja no contexto das
migrações forçadas», em coincidência com a publicação do Documento do
Dicastério, intitulado: Acolher Cristo nos refugiados e nas pessoas deslocadas à
força. O Documento chama a atenção para milhões de refugiados, deslocados e
apátridas, evocando também o flagelo do tráfico de seres humanos, que diz
respeito sempre com mais frequência às crianças, envolvidas nas piores formas de
exploração e recrutadas até para conflitos armados. Insisto que o «tráfico de
pessoas» é uma actividade ignóbil, uma vergonha para as nossas sociedades, que
se dizem civilizadas! Exploradores e clientes a todos os níveis deveriam fazer um
sério exame de consciência diante de si mesmos e perante Deus! Hoje a Igreja
renova o seu apelo vigoroso a fim de que sejam sempre salvaguardadas a
dignidade e a centralidade de cada pessoa, no respeito pelos seus direitos
fundamentais, como ressalta a sua doutrina social, direitos que ela pede para que
sejam estendidos realmente onde não são reconhecidos a milhões de homens e
mulheres em todos os Continentes. Num mundo em que se fala muito de direitos,
quantas vezes é verdadeiramente espezinhada a dignidade humana! Num mundo
onde se fala tanto de direitos, parece que o único que os tem é o dinheiro. Prezados
irmãos e irmãs, nós vivemos num mundo onde é o dinheiro que manda. Vivemos
num mundo, numa cultura onde reina o fetichismo do dinheiro.
Vós justamente fizestes vossas as situações em que a família das nações é
chamada a intervir, em espírito de solidariedade fraterna, com programas de
salvaguarda, muitas vezes no âmbito de acontecimentos dramáticos, que atingem
quase diariamente a vida de numerosas pessoas. Manifesto-vos o meu apreço e o
meu reconhecimento, enquanto vos encorajo a continuar pelo caminho do serviço
aos irmãos mais pobres e marginalizados. Recordemos as palavras de Paulo VI:
«Para a Igreja católica, ninguém é estrangeiro, ninguém é excluído, ninguém está
distante» (Homilia por ocasião do encerramento do Concílio Vaticano II, 8 de

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Dezembro de 1965). Com efeito, somos uma única família humana que, na
multiplicidade das suas diferenças, caminha rumo à unidade, valorizando a
solidariedade e o diálogo entre os povos.
A Igreja é mãe e a sua atenção materna manifesta-se com ternura e proximidade
especiais em relação a quantos são obrigados a fugir do próprio país e vivem entre
a erradicação e a integração. Esta tensão destrói as pessoas. A compaixão cristã —
este «padecer com», com-paixão — manifesta-se antes de tudo no compromisso de
conhecer os acontecimentos que impelem a deixar forçosamente a própria Pátria e,
quando for necessário, em dar voz a quantos não conseguem fazer ouvir o grito da
dor e da opressão. Nisto vós desempenhais uma tarefa importante também
sensibilizando as Comunidades cristãs em relação a tantos irmãos marcados por
feridas que atingem a sua existência: violências, abusos, distância dos afectos
familiares, acontecimentos traumáticos, fuga de casa e incerteza sobre o futuro nos
campos de refugiados. Todos estes elementos são desumanizadores e devem levar
cada cristão e a Comunidade inteira a prestar uma atenção concreta.
Mas hoje, caros amigos, eu gostaria de convidar todos a ver nos olhos e no coração
dos refugiados e das pessoas erradicadas com a força, também a luz da esperança.
Esperança que se manifesta nas expectativas em relação ao futuro, na vontade de
manter relacionamentos de amizade e no desejo de se inserir na sociedade que os
recebe, também mediante a aprendizagem da língua, do acesso ao trabalho e da
educação para as crianças. Admiro a coragem daqueles que esperam poder,
gradualmente, retomar a vida normal, na expectativa de que a alegria e o amor
voltem a alegrar a sua existência. Todos nós podemos e devemos alimentar esta
esperança!
Convido sobretudo os governantes e os legisladores, assim como toda a
Comunidade internacional, a considerar a realidade das pessoas erradicadas com a
força, mediante iniciativas eficazes e abordagens renovadas para tutelar a sua
dignidade, melhorar a sua qualidade de vida e enfrentar os desafios que derivam de
formas modernas de perseguição, de opressão e de escravidão. Quero frisar que se
trata de pessoas humanas que fazem apelo à solidariedade e à assistência, que têm
necessidade de intervenções urgentes, mas também e sobretudo de compreensão e
bondade. Deus é bom; imitemo-lo. A condição delas não nos pode deixar
indiferentes. Quanto a nós, como Igreja, recordemos que curando as feridas dos
refugiados, dos deslocados e das vítimas do tráfico, pomos em prática o
mandamento da caridade que Jesus nos deixou, quando se identificou com o
estrangeiro, com quantos sofrem, com todas as vítimas inocentes da violência e da
exploração. Deveríamos reler mais frequentemente o capítulo 25 do Evangelho
segundo Mateus, onde se fala sobre o Juízo final (cf. vv. 31-46). E, aqui, eu
gostaria de evocar também a atenção que cada Pastor e Comunidade cristã devem
prestar ao caminho de fé dos cristãos refugiados e erradicados com a força das
respectivas realidades, assim como dos cristãos emigrantes. Eles exigem um
cuidado pastoral especial, que respeite as suas tradições e que os acompanhe
numa integração harmoniosa nas realidades eclesiais em que se encontram. As
nossas Comunidades cristãs sejam verdadeiramente lugares de acolhimento, de
escuta e de comunhão!
Estimados amigos, não vos esqueçais da carne de Cristo que está na carne dos
refugiados: a carne deles é a carne de Cristo. Também vós tendes a tarefa de
orientar para novas formas de co-responsabilidade todos os Organismos

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comprometidos no campo das migrações forçadas. Infelizmente, trata-se de um
fenómeno em expansão contínua, e portanto a vossa missão é cada vez mais
exigente, para favorecer respostas concretas de proximidade e de
acompanhamento das pessoas, tendo em consideração as diversas situações locais.
Sobre cada um de vós desça a salvaguarda materna de Maria Santíssima, a fim de
que ilumine a vossa reflexão e o vosso trabalho. Quanto a mim, asseguro-vos a
oração, a proximidade e inclusive a admiração por tudo aquilo que levais a cabo
neste campo, enquanto vos abençoo de coração. Obrigado!

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PAPA FRANCISCO AUDIÊNCIA GERAL

[…] Acrescento uma palavra sobre outra particular situação de trabalho que me
preocupa: refiro-me àquele que poderíamos definir como o «trabalho escravo», o
trabalho que escraviza. Quantas pessoas, no mundo inteiro, são vítimas deste tipo
de escravidão, em que é a pessoa que serve o trabalho, enquanto é o trabalho que
deve oferecer um serviço às pessoas, para que tenham dignidade. Peço aos irmãos
e às irmãs na fé, e a todos os homens e mulheres de boa vontade, uma opção
decidida contra o tráfico de pessoas, no âmbito do qual se enquadra o «trabalho
escravo». […]

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MENSAGEM URBI ET ORBI DO SANTO PADRE FRANCISCO PÁSCOA 2013

[…] Paz para o Oriente Médio, especialmente entre israelitas e palestinos, que
sentem dificuldade em encontrar a estrada da concórdia, a fim de que retomem,
com coragem e disponibilidade, as negociações para pôr termo a um conflito que já
dura há demasiado tempo. Paz no Iraque, para que cesse definitivamente toda a
violência, e sobretudo para a amada Síria, para a sua população vítima do conflito e
para os numerosos refugiados, que esperam ajuda e conforto. Já foi derramado
tanto sangue Quantos sofrimentos deverão ainda atravessar antes de se conseguir
encontrar uma solução política para a crise? […]
[…] Paz para o mundo inteiro, ainda tão dividido pela ganância de quem procura
lucros fáceis, ferido pelo egoísmo que ameaça a vida humana e a família um
egoísmo que faz continuar o tráfico de pessoas, a escravatura mais extensa neste
século vinte e um. O tráfico de pessoas é realmente a escravatura mais extensa
neste século vinte e um! Paz para todo o mundo dilacerado pela violência ligada ao
narcotráfico e por uma iníqua exploração dos recursos naturais. Paz para esta
nossa Terra! Jesus ressuscitado leve conforto a quem é vítima das calamidades
naturais e nos torne guardiões responsáveis da criação. […]

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MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO PARA A CELEBRAÇÃO DO XLVII DIA MUNDIAL DA PAZ

[…] Em muitas partes do mundo, parece não conhecer tréguas a grave lesão dos
direitos humanos fundamentais, sobretudo dos direitos à vida e à liberdade de
religião. Exemplo preocupante disso mesmo é o dramático fenómeno do tráfico de
seres humanos, sobre cuja vida e desespero especulam pessoas sem escrúpulos. Às
guerras feitas de confrontos armados juntam-se guerras menos visíveis, mas não
menos cruéis, que se combatem nos campos económico e financeiro com meios
igualmente demolidores de vidas, de famílias, de empresas.[…]
[…] Há muitos conflitos que se consumam na indiferença geral. A todos aqueles
que vivem em terras onde as armas impõem terror e destruição, asseguro a minha
solidariedade pessoal e a de toda a Igreja. Esta última tem por missão levar o amor
de Cristo também às vítimas indefesas das guerras esquecidas, através da oração
pela paz, do serviço aos feridos, aos famintos, aos refugiados, aos deslocados e a
quantos vivem no terror. De igual modo a Igreja levanta a sua voz para fazer
chegar aos responsáveis o grito de dor desta humanidade atribulada e fazer cessar,
juntamente com as hostilidades, todo o abuso e violação dos direitos fundamentais
do homem.[15][…]
[…] Penso no drama dilacerante da droga com a qual se lucra desafiando leis
morais e civis, na devastação dos recursos naturais e na poluição em curso, na
tragédia da exploração do trabalho; penso nos tráficos ilícitos de dinheiro como
também na especulação financeira que, muitas vezes, assume caracteres
predadores e nocivos para inteiros sistemas económicos e sociais, lançando na
pobreza milhões de homens e mulheres; penso na prostituição que diariamente
ceifa vítimas inocentes, sobretudo entre os mais jovens, roubando-lhes o futuro;
penso no abomínio do tráfico de seres humanos, nos crimes e abusos contra
menores, na escravidão que ainda espalha o seu horror em muitas partes do
mundo, na tragédia frequentemente ignorada dos emigrantes sobre quem se
especula indignamente na ilegalidade. A este respeito escreveu João XXIII: «Uma
convivência baseada unicamente em relações de força nada tem de humano: nela
vêem as pessoas coarctada a própria liberdade, quando, pelo contrário, deveriam
ser postas em condição tal que se sentissem estimuladas a procurar o próprio
desenvolvimento e aperfeiçoamento».[17] Mas o homem pode converter-se, e não
se deve jamais desesperar da possibilidade de mudar de vida. Gostaria que isto
fosse uma mensagem de confiança para todos, mesmo para aqueles que
cometeram crimes hediondos, porque Deus não quer a morte do pecador, mas que
se converta e viva (cf. Ez 18, 23).[…]