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MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO AO 44o ENCONTRO ANUAL DO WORLD ECONOMIC FORUM REALIZADO EM DAVOS (SUÍÇA)

[…] Nesta sede, desejo evocar a importância que têm as diversas instâncias
políticas e económicas na promoção de uma abordagem inclusiva, que tenha em
consideração a dignidade de cada pessoa humana e o bem comum. Trata-se de
uma preocupação que deveria caracterizar todas as escolhas políticas e
económicas, mas às vezes parece só um acréscimo para completar o discurso.
Quantos têm incumbências nesses âmbitos possuem uma responsabilidade
específica em relação aos outros, particularmente aqueles que são mais frágeis,
débeis e indefesos. Não podemos tolerar que milhares de pessoas morram de fome
todos os dias, embora haja disponíveis quantidades enormes de alimentos, que
muitas vezes simplesmente são desperdiçados. Ao mesmo tempo, não podemos
ficar indiferentes diante dos numerosos prófugos em busca de condições de vida
minimamente dignas, que além de não receber acolhimento, muitas vezes
encontram a morte em viagens desumanas. Estou convicto de que estas palavras
são fortes, até dramáticas, contudo elas pretendem acentuar, mas também
desafiar, a capacidade que essa assembleia tem de influir. Com efeito, aqueles que
com o próprio empenho e habilidade profissional, foram capazes de criar inovação e
favorecer o bem-estar de muitas pessoas, podem oferecer um ulterior contributo,
pondo a própria competência ao serviço de quantos ainda vivem na indigência. […]

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DISCURSO DO SANTO PADRE FRANCISCO AO CORPO DIPLOMÁTICO ACREDITADO JUNTO DA SANTA SÉ

[…] É com esta confiança que desejo olhar para o ano que está à nossa frente. Por
isso, não cesso de esperar que tenha finalmente termo o conflito na Síria. A
solicitude por aquela amada população e o desejo de evitar o agravamento da
violência levaram-se a proclamar um dia de jejum e oração, em Setembro passado.
Por vosso intermédio, agradeço de coração sincero a quantos nos vossos países,
autoridades públicas e pessoas de boa vontade, se associaram a esta iniciativa.
Agora requer-se uma renovada vontade política comum para pôr fim ao conflito.
Nesta linha, espero que a Conferência «Genebra 2», convocada para o próximo dia
22 de Janeiro, marque o início do desejado caminho de pacificação. Ao mesmo
tempo, é imprescindível o pleno respeito do direito humanitário. Não se pode
aceitar que seja atingida a população civil inerme, sobretudo as crianças. Além
disso, encorajo a todos a favorecer e garantir, de todos os modos possíveis, a
assistência necessária e urgente de grande parte da população, sem esquecer o
louvável esforço ??dos países, especialmente o Líbano e a Jordânia, que
generosamente acolheram em seu território os inúmeros refugiados sírios.[…]
[…] Também noutras partes da África, os cristãos são chamados a dar testemunho
do amor e da misericórdia de Deus. Não se deve jamais desistir de praticar o bem,
mesmo quando é árduo e se padecem actos de intolerância, se não de verdadeira e
própria perseguição. Em vastas áreas da Nigéria, não cessam as violências e
continua a ser derramado tanto sangue inocente. Pelo meu pensamento perpassa
sobretudo a República Centro-Africana, onde a população sofre por causa das
tensões que o país atravessa e que já semearam destruição e morte, em várias
ocasiões. Ao mesmo tempo que asseguro a minha oração pelas vítimas e os
numerosos desalojados, constrangidos a viver em condições de indigência, espero
que a solicitude da Comunidade Internacional contribua para fazer cessar as
violências, restaurar o estado de direito e garantir a chegada das ajudas
humanitárias mesmo nas zonas mais remotas do país. Por sua vez, a Igreja
Católica continuará a assegurar a sua presença e colaboração, empenhando-se
generosamente por fornecer toda a ajuda possível à população e sobretudo por
reconstruir um clima de reconciliação e de paz entre todas as componentes da
sociedade. Reconciliação e paz aparecem como prioridades fundamentais também
noutras partes do continente africano. Refiro-me particularmente ao Mali, onde já
se nota positivamente a restauração das estruturas democráticas do país, e
também ao Sudão do Sul, onde, pelo contrário, a instabilidade política do último
período já provocou numerosos mortos e uma nova emergência humanitária. […]

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[…] A paz é ferida ainda por toda e qualquer negação da dignidade humana e,
primariamente, pela impossibilidade de se alimentar de forma suficiente. Não
podem deixar-nos indiferentes os rostos de quantos padecem fome, sobretudo das
crianças, se pensarmos quanta comida é desperdiçada cada dia em tantas partes
do mundo, mergulhadas naquela que já várias vezes defini como a «cultura do
descarte». Infelizmente, objecto de descarte não são apenas os alimentos ou os
bens supérfluos, mas muitas vezes os próprios seres humanos, que acabam
«descartados» como se fossem «coisas desnecessárias». Por exemplo, causa horror
só o pensar que haja crianças que não poderão jamais ver a luz, vítimas do aborto,
ou aquelas que são usadas ??como soldados, estupradas ou mortas nos conflitos
armados, ou então feitas objecto de mercado naquela tremenda forma de
escravidão moderna que é o tráfico dos seres humanos, que é um crime contra a
humanidade.
Não pode deixar-nos insensíveis o drama das multidões forçadas a fugir da carestia
ou das violências e abusos, particularmente no Corno da África e na região dos
Grandes Lagos. Muitos deles vivem como deslocados ou refugiados em campos
onde já não são consideradas pessoas mas cifras anónimas. Outros, com a
esperança duma vida melhor, empreendem viagens de fortuna, que não raro
terminam tragicamente. Refiro-me de modo particular aos numerosos emigrantes
que, da América Latina, se dirigem para os Estados Unidos, mas sobretudo a
quantos, da África ou do Médio Oriente, buscam refúgio na Europa.
Continua viva na minha memória a breve visita que realizei a Lampedusa, no
passado mês de Julho, para rezar pelos numerosos náufragos no Mediterrâneo.
Perante tais tragédias, infelizmente, verifica-se uma indiferença geral, constituindo
um sinal dramático da perda daquele «sentido da responsabilidade fraterna»
(Homilia na Santa Missa em Lampedusa, 8 de Julho de 2013) sobre o qual assenta
toda a sociedade civil. Naquela ocasião, porém, pude constatar também o
acolhimento e a dedicação por parte de tantas pessoas. Desejo ao povo italiano –
para quem olho com afecto, nomeadamente pelas raízes comuns que nos unem –
que saiba renovar o seu louvável empenho de solidariedade para com os mais
frágeis e indefesos e, com o esforço sincero e concorde de cidadãos e instituições,
superar as dificuldades actuais, recuperando o clima de criatividade social

construtiva que há muito o caracteriza. […]

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DISCURSO DO PAPA FRANCISCOAO CORPO DIPLOMÁTICOACREDITADO JUNTO DA SANTA SÉ

Excelências, Senhoras e Senhores!
[…] Infelizmente semelhantes formas de brutalidade, que tantas vezes ceifam
vítimas entre os menores e os indefesos, não faltam também noutras partes do
mundo. Penso de modo particular na Nigéria, onde não cessam as violências que
atingem indiscriminadamente a população, verificando-se um crescimento contínuo
do trágico fenómeno do sequestro de pessoas, muitas delas jovens raptadas para
serem objecto de comercialização. É um comércio execrável, que não pode
continuar. Um flagelo que é preciso erradicar, pois nos atinge a todos nós, desde as
famílias envolvidas até à comunidade mundial inteira (cf. Discurso aos novos
Embaixadores acreditados junto da Santa Sé, 12 de Dezembro de 2013). […]
[…] Ao lado das vidas descartadas por causa das guerras ou das doenças, há as
vidas de numerosos deslocados e refugiados. Mais uma vez, é possível
compreender as implicações a partir da infância de Jesus, que testemunha outra
forma da cultura do descarte que prejudica as relações e «dissolve» a sociedade.
De facto, perante a brutalidade de Herodes, a Sagrada Família é forçada a fugir
para o Egipto, donde poderá regressar só alguns anos mais tarde (cf. Mt 2, 13-15).
Consequência frequente das situações de conflito acima descritas é a fuga de
milhares de pessoas da sua terra natal. Por vezes não é de um futuro melhor que
vão à procura, mas simplesmente de um futuro, porque permanecer na própria
pátria pode significar uma morte certa. Quantas pessoas perdem a vida em viagens
desumanas, sujeitas aos vexames de verdadeiros e próprios algozes gananciosos
de dinheiro! Fiz alusão a tal realidade durante a minha recente visita ao Parlamento
Europeu, recordando que «não se pode tolerar que o Mar Mediterrâneo se torne um
grande cemitério» (Discurso ao Parlamento Europeu, Estrasburgo, 25 de Novembro
de 2014). Há ainda outro dado alarmante: muitos migrantes, especialmente nas
Américas, são crianças sozinhas, presa ainda mais fácil dos perigos, que necessitam
de maior cuidado, solicitude e protecção.
Chegando frequentemente sem documentos a terras desconhecidas cuja língua
ignoram, torna-se difícil para os migrantes ser recebidos e encontrar trabalho. Além
das incertezas da fuga, vêem-se obrigados a enfrentar ainda o drama da rejeição.
Assim, em relação a eles, é necessária uma mudança de atitude, passando da
indiferença e do medo a uma sincera aceitação do outro. Naturalmente, isto exige
«implementar legislações adequadas capazes de tutelar os direitos dos cidadãos
(…) e, ao mesmo tempo, garantir o acolhimento dos imigrantes» (Ibid.). Ao
agradecer a quantos se esforçam, mesmo a custo da vida, por levar socorro aos
refugiados e migrantes, exorto tanto os Estados como as organizações
internacionais a agirem diligentemente para resolver estas graves situações

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humanitárias e fornecer aos países de origem dos migrantes ajudas que favoreçam
o progresso sociopolítico e a superação dos conflitos internos, que são a causa
principal de tal fenómeno. «É necessário agir sobre as causas e não apenas sobre
os efeitos» (Ibid.). Aliás, isso permitirá aos migrantes voltar um dia à sua pátria e
contribuir para o seu crescimento e para o seu desenvolvimento.
Mas, ao lado dos migrantes, deslocados e refugiados, há muitos outros «exilados
ocultos» (Angelus, 29 de Dezembro de 2013), que vivem dentro das nossas casas e
famílias. Penso sobretudo nos idosos e nos deficientes, bem como nos jovens. Os
primeiros são objecto de rejeição, quando se consideram como um fardo e

«presenças molestas» (Ibid.), ao passo que os últimos são descartados negando-
lhes perspectivas de trabalho concretas para construírem o seu próprio futuro.

Aliás, não há pobreza pior do que aquela que priva do trabalho e da dignidade do
trabalho (cf. Discurso aos participantes no encontro mundial dos movimentos
populares, 28 de Outubro de 2014), reduzindo-o a uma forma de escravidão.
Procurei salientar isto mesmo durante um encontro recente com os movimentos
populares que se esforçam, com dedicação, por encontrar soluções adequadas para
alguns problemas do nosso tempo, como o flagelo crescente do desemprego juvenil
e do trabalho no mercado negro, e o drama de muitos trabalhadores,
especialmente crianças, explorados por ganância. Tudo isto é contrário à dignidade
humana e deriva duma mentalidade que põe no centro o dinheiro, os benefícios e
os lucros económicos em detrimento do próprio homem. […]
[…] Um testemunho eloquente de que a cultura do encontro é possível,
experimentei-o durante a minha visita à Albânia, uma nação cheia de jovens, que
são esperança para o futuro. Apesar das feridas sofridas na história recente, o país
caracteriza-se pela «convivência pacífica e a colaboração entre seguidores de
diferentes religiões» (Discurso às Autoridades, Tirana, 21 de Setembro de 2014),
num clima de respeito e confiança mútua entre católicos, ortodoxos e muçulmanos.
É um sinal importante de que uma fé sincera em Deus abre ao outro, gera diálogo e
concorre para o bem, enquanto a violência nasce sempre duma mistificação da
própria religião, assumida como pretexto para projectos ideológicos cuja única
finalidade é o domínio do homem sobre o homem. Da mesma forma, na recente
viagem à Turquia, ponte histórica entre Oriente e Ocidente, pude constatar os
frutos do diálogo ecuménico e inter-religioso, bem como a solicitude pelos
refugiados dos outros países do Médio Oriente. Encontrei este espírito de recepção
também na Jordânia, que visitei no início da minha peregrinação à Terra Santa, e
ainda através dos testemunhos chegados do Líbano, ao qual almejo poder superar
as actuais dificuldades políticas. […]

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CELEBRAÇÃO DAS PRIMEIRAS VÉSPERAS DA SOLENIDADE DE MARIA SANTÍSSIMA MÃE DE DEUS E RECITAÇÃO DO TE DEUM HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

[…] Roma é uma cidade cheia de turistas, mas também cheia de refugiados. Roma
está cheia de pessoas que trabalham, mas também de pessoas que não encontram
trabalho ou desempenham funções mal pagas e por vezes indignas; e todos têm o
direito de ser tratados com a mesma atitude de acolhimento e de igualdade, porque
cada um é portador de dignidade humana. […]

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FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA DE NAZARÉ PAPA FRANCISCO ANGELUS

[…] E hoje o Evangelho apresenta-nos a sagrada Família no doloroso caminho do
exílio, em busca de refúgio no Egipto. José, Maria e Jesus experimentam a condição
dramática dos prófugos, marcada por medo, incerteza e dificuldades (cf. Mt 2, 13-
15.19-23). Infelizmente, nos nossos dias, milhões de famílias podem reconhecer-se
nesta triste realidade. Quase todos os dias a televisão e os jornais dão notícias de
prófugos que fogem da fome, da guerra, de outros perigos graves, em busca de
segurança e de uma vida digna para si e para as suas famílias.
Em terras distantes, mesmo quando encontram trabalho, nem sempre os prófugos
e os imigrantes encontram acolhimento verdadeiro, respeito, apreço dos valores
dos quais são portadores. As suas expectativas legítimas entram em conflito com
situações complexas e dificuldades que às vezes parecem insuperáveis. Portanto,
enquanto olhamos para a sagrada Família de Nazaré no momento em que foi
obrigada a tornar-se prófuga, pensemos no drama daqueles migrantes e refugiados
que são vítimas da rejeição e da exploração, que são vítimas do tráfico de pessoas
e do trabalho escravo. Pensemos também nos outros «exilados»: eu chamar-los-ia
«exilados escondidos», os que existem dentro das próprias famílias: os idosos, por
exemplo, que muitas vezes são tratados como presenças incómodas. Penso que um
sinal para saber como está uma família é observar como são tratados crianças e

idosos.[…]

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MENSAGEM URBI ET ORBI DO PAPA FRANCISCO NATAL 2013

[…] Vós, Senhor da vida, protegei todos aqueles que são perseguidos por causa do
vosso nome. Dai esperança e conforto aos deslocados e refugiados, especialmente
no Corno de África e no leste da República Democrática do Congo. Fazei que os
emigrantes em busca duma vida digna encontrem acolhimento e ajuda. Que nunca
mais aconteçam tragédias como aquelas a que assistimos este ano, com numerosos
mortos em Lampedusa.
Ó Menino de Belém, tocai o coração de todos os que estão envolvidos no tráfico de
seres humanos, para que se dêem conta da gravidade deste crime contra a
humanidade. Voltai o vosso olhar para as inúmeras crianças que são raptadas,
feridas e mortas nos conflitos armados e para quantas são transformadas em
soldados, privadas da sua infância.[…]

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DISCURSO DO PAPA FRANCISCO AOS NOVOS EMBAIXADORES JUNTO DA SANTA SÉ POR OCASIÃO DA APRESENTAÇÃO DAS CARTAS CREDENCIAIS

[…] Neste encontro convosco, o meu primeiro pensamento vai para a comunidade
internacional e as múltiplas iniciativas que ela leva por diante a fim de promover a
paz, o diálogo, as relações culturais, políticas, económicas e socorrer as populações
provadas por diversas dificuldades. Hoje desejo afrontar convosco uma questão que
muito me preocupa e que ameaça actualmente a dignidade das pessoas: o tráfico
de seres humanos. Trata-se de uma verdadeira forma de escravidão – cada vez
mais espalhada, infelizmente – que tem a ver com todos os países, mesmo os mais
desenvolvidos, e que atinge as pessoas mais vulneráveis da sociedade: as mulheres
e as jovens, os meninos e as meninas, os deficientes, os mais pobres, quem
provém de situações de desagregação familiar e social. Nós, cristãos,
reconhecemos neles, duma maneira especial, o rosto de Jesus Cristo, que Se
identificou com os mais pequenos e necessitados. Outros, que não fazem
referimento sequer a uma fé religiosa, em nome da humanidade comum partilham
a compaixão pelos seus sofrimentos e esforçam-se por libertá-los e curar as suas
feridas. Juntos, podemos e devemos empenhar-nos para que sejam libertados e se
possa pôr fim a este comércio horrível. Fala-se de milhões de vítimas do trabalho
forçado, do tráfico de pessoas para fins de mão de obra e de exploração sexual.
Tudo isto não pode continuar. Constitui uma grave violação dos direitos humanos
das vítimas e uma ofensa à sua dignidade, para além de ser uma derrota para a
comunidade mundial. Todas as pessoas de boa vontade, quer se professem
religiosas quer não, não podem permitir que estas mulheres, estes homens, estas
crianças sejam tratados como objectos, enganados, violentados, frequentemente
vendidos várias vezes para variados fins, acabando assassinados ou pelo menos
arruinados no corpo e na mente e são descartados e abandonados. É uma
vergonha.
O tráfico das pessoas é um crime contra a humanidade. Devemos unir as forças
para libertar as vítimas e deter este crime, cada vez mais agressivo, que ameaça
não só as pessoas individualmente e os valores basilares da sociedade mas também
a segurança e a justiça internacionais e ainda a economia, o tecido familiar e a
própria convivência social.
Mas, para se conseguir vencer nesta frente, requer-se uma assunção comum de
responsabilidade e uma vontade política mais decidida. Responsabilidade por
quantos caíram vítimas do tráfico a fim de tutelar os seus direitos, garantir a
incolumidade deles e seus familiares, impedir que os corruptos e os criminosos
fujam à justiça e tenham a última palavra sobre as pessoas. Uma intervenção
legislativa adequada nos países de origem, trânsito e chegada, visando também
facilitar a emigração regular, pode reduzir o problema.
Os governos e a comunidade internacional, a quem compete em primeiro lugar
prevenir e impedir este fenómeno, não têm deixado de tomar medidas, a vários
níveis, para o bloquear e para proteger e dar assistência às vítimas deste crime,

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muitas vezes associado com o comércio de drogas, de armas, com o transporte de
emigrantes ilegais, com a máfia. Por vezes infelizmente – não o podemos negar –
estiveram envolvidos nele também operadores públicos e membros de contingentes
empenhados em missões de paz. Contudo, para se obter bons resultados, é preciso
que a estratégia de contraposição incida também a nível cultural e da comunicação
social. A este nível, há necessidade de um profundo exame de consciência: de
facto, quantas vezes toleramos que um ser humano seja considerado como um
objecto, exposto para vender um produto ou para satisfazer desejos imorais? A
pessoa humana não se deveria vender e comprar como uma mercadoria. Quem a
usa e explora, mesmo indirectamente, torna-se cúmplice desta prepotência.
Senhora e Senhores Embaixadores, quis partilhar convosco estas reflexões sobre
uma chaga social dos nossos dias, porque acredito no valor e na força de um
esforço concertado para a combater. Por isso, exorto a comunidade internacional a
tornar a estratégia contra o tráfico das pessoas ainda mais concorde e eficaz, para
que, em toda a parte da Terra, os homens e as mulheres nunca sejam usados como
meios, mas sejam sempre respeitados na sua dignidade inviolável.[…]

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PAPA FRANCISCO AUDIÊNCIA GERAL

[…] A aparição da imagem da Virgem na tilma [manto] de Juan Diego foi o sinal
profético de um abraço, o abraço de Maria a todos os habitantes das vastas terras
americanas, a quantos já estavam ali e aos que teriam chegado depois. Este abraço
de Maria indicou a senda que sempre caracterizou a América: é uma terra onde
podem conviver povos diversos, uma terra capaz de respeitar a vida humana em
todas as suas fases, desde o ventre materno até à velhice, capaz de acolher os
emigrantes, os povos, os pobres e os marginalizados de todas as épocas. A América
é uma terra generosa.[…]

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DISCURSO DO PAPA FRANCISCO NO ENCONTRO COM OS PEREGRINOS DA COMUNIDADE GRECO-MELQUITA

[…] Repito também a vós: não nos resignemos a pensar num Médio Oriente sem
cristãos. Todavia, muitos dos vossos irmãos e irmãs emigraram, e hoje está aqui
presente uma numerosa representação das comunidades na diáspora. Encorajo-as
a manter firmes as raízes humanas e espirituais da tradição melquita, conservando
em toda a parte a identidade greco-católica, porque a Igreja inteira tem
necessidade do património do Oriente cristão, do qual também vós sois herdeiros.
Ao mesmo tempo, sois para todos os nossos irmãos orientais um sinal visível da
almejada comunhão com o Sucessor de Pedro. Nesta festa do apóstolo santo
André, irmão de são Pedro, dirijo o meu pensamento a Sua Santidade Bartolomeu,
Patriarca de Constantinopla, e às Igrejas ortodoxas, a tantas Igrejas irmãs […]

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DISCURSO DO PAPA FRANCISCO AOS PARTICIPANTES NA PLENÁRIA DO PONTIFÍCIO CONSELHO PARA O DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO

[…] A Igreja católica está consciente do valor que reveste a promoção da amizade
e do respeito entre homens e mulheres de diversas tradições religiosas.
Compreendemos cada vez mais a importância, quer porque o mundo — de certa
forma — se tornou «menor», quer porque o fenómeno das migrações aumenta os
contactos entre pessoas e comunidades de diferentes tradições, culturas e religiões.
Esta realidade interpela a nossa consciência de cristãos, constitui um desafio para a
compreensão da fé e para a vida concreta das Igrejas locais, das paróquias e de
numerosos cristãos.[…]