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SANTA MISSAHOMILIA DO PAPA FRANCISCO

[…] O que é o reino dos céus? Jesus não se preocupa em explicá-lo. Enuncia-o
desde o início do seu Evangelho: «O reino dos céus está próximo» — também hoje
está próximo, entre nós — todavia, nunca o faz ver directamente, mas sempre de
reflexo, narrando o agir de um patrão, de um rei, de dez virgens… Prefere deixar
que se intua, com parábolas e similitudes, manifestando sobretudo os seus efeitos:
o reino dos céus é capaz de mudar o mundo, como um fermento escondido na
massa; é pequeno e humilde como um grão de mostarda, que contudo se tornará
grande como uma árvore. As duas parábolas sobre as quais queremos reflectir
fazem-nos compreender que o reino de Deus se faz presente na própria pessoa de
Jesus. É Ele o tesouro escondido, é Ele a pérola de grande valor. Compreende-se a
alegria do agricultor e do comerciante: acharam! É a alegria de cada um de nós
quando descobrimos a proximidade e a presença de Jesus na nossa vida. Uma
presença que transforma a existência, abrindo-nos às exigências dos irmãos; uma
presença que convida a acolher qualquer outra presença, também a do estrangeiro
e do imigrante. É uma presença acolhedora, é uma presença jubilosa, uma
presença fecunda: assim é o reino de Deus dentro de nós.[…]

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MENSAGEM DO PAPA FRANCISCOAOS PARTICIPANTES NO «DIÁLOGO MÉXICO-SANTA SÉSOBRE A MOBILIDADE HUMANA E DESENVOLVIMENTO»

Desejo transmitir a minha saudação aos organizadores, aos relatores e aos
participantes no «Diálogo entre o México e a Santa Sé sobre a mobilidade humana
e o desenvolvimento».
A globalização é um fenómeno que nos interpela, especialmente numa das suas
principais manifestações que é a emigração. Trata-se de um dos «sinais» deste
tempo em que vivemos e que nos leva às palavras de Jesus: «Como, pois, não
sabeis reconhecer o tempo presente?» (Lc 12, 56). Não obstante o grande fluxo de
migrantes presente em todos os Continentes e em quase todos os países, a
migração ainda é vista como emergência, ou como um dado circunstancial e
esporádico, enquanto já se tornou um elemento característico e um desafio das
nossas sociedades.
Trata-se de um fenómeno que acarreta consigo grandes promessas, juntamente
com múltiplos desafios. Muitas pessoas obrigadas à emigração sofrem e, com
frequência, morrem tragicamente; muitos dos seus direitos são violados, elas são
forçadas a separar-se das próprias famílias e infelizmente continuam a ser objecto
de atitudes racistas e xenófobas.
Perante esta situação, repito aquilo que tive a oportunidade de afirmar na
Mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado no corrente ano: «É
preciso que todos mudem a atitude em relação aos migrantes e refugiados; é
necessário passar de uma atitude de defesa e de medo, de desinteresse ou de
marginalização — que, no final, corresponde precisamente à “cultura do
descartável” — para uma atitude que tem como base a “cultura do encontro”, a
única capaz de construir um mundo mais justo e fraterno, um mundo melhor».
Além disso, desejo veementemente chamar a atenção para as dezenas de milhares
de crianças que emigram sozinhas, desacompanhadas, para fugir da pobreza e da
violência: esta é uma categoria de migrantes que, da América Central e do México,
atravessam a fronteira com os Estados Unidos da América em condições extremas,
em busca de uma esperança que a maior parte das vezes é vã. O seu número
aumenta cada dia mais. Tal emergência humanitária exige, como primeira
intervenção urgente, que estes menores sejam recebidos e protegidos. No entanto,
tais medidas não serão suficientes, se não forem acompanhadas por políticas de
informação a respeito dos perigos de tal viagem e, principalmente, de promoção do
desenvolvimento nos seus respectivos países de origem. Enfim, diante deste
desafio é necessário voltar a chamar a atenção de toda a Comunidade
internacional, a fim de que se possam seguir novas formas de migração legal e
segura.
Desejo pleno sucesso à louvável iniciativa do Ministério dos Negócios Estrangeiros
do Governo mexicano, de organizar um Diálogo de estudo e reflexão sobre o
grande desafio da emigração, enquanto concedo de coração a cada um dos
presentes a minha Bênção apostólica.

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ANGELUS

[…] Este convite de Jesus estende-se até aos nossos dias, para alcançar
numerosos irmãos e irmãs oprimidos por condições de vida precárias, por situações
existenciais difíceis e às vezes desprovidas de pontos de referência válidos. Nos
países mais pobres, mas também nas periferias dos países mais ricos encontram-se
muitas pessoas cansadas e abatidas, sob o peso insuportável do abandono e da
indiferença. A indiferença: como a indiferença humana faz mal aos necessitados! E
pior ainda é a indiferença dos cristãos! Às margens da sociedade há muitos homens
e mulheres provados pela indigência, mas inclusive pela insatisfação da vida e da
frustração. Numerosas pessoas são obrigadas a emigrar da sua Pátria, pondo em
perigo a própria vida. Um número muito maior delas suportam todos os dias o
fardo de um sistema económico que explora o homem e impõe um «jugo»
insuportável, que os poucos privilegiados não querem carregar. A cada um destes
filhos do Pai que está no Céu, Jesus repete: «Vinde a mim, vós todos!». Mas di-lo
também àqueles que possuem tudo, mas cujo coração está vazio, sem Deus.
Inclusive a eles, Jesus dirige este convite: «Vinde a mim!». A exortação de Jesus
está destinada a todos. Mas de modo especial àqueles que sofrem em maior
medida.[…]

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DISCURSO DO PAPA FRANCISCOAOS PARTICIPANTES DA ASSEMBLEIA DA REUNIÃODAS OBRAS DE AJUDA PARA AS IGREJAS ORIENTAIS(R.O.A.C.O.)

Prezados amigos!
[…] Juntamente convosco, manifesto a proximidade da Igreja católica em particular
aos irmãos e às irmãs da Síria e do Iraque, bem como aos seus Bispos e
Sacerdotes, enquanto a estendo à Terra Santa e ao Próximo Oriente, mas inclusive
à amada Ucrânia na hora tão grave que hoje vive, e à Roménia, pelas quais vos
interessastes durante os vossos trabalhos. Exorto-vos a continuar a assumir este
compromisso fecundo a seu favor. O vosso socorro às nações mais atingidas pode
corresponder às necessidades primárias, especialmente dos mais pequeninos e
frágeis, como os numerosos jovens que se sentem tentados a abandonar a própria
terra natal. Dado que as Comunidades orientais estão presentes no mundo inteiro,
vós procurais dar alívio e oferecer ajuda em toda a parte, aos inúmeros prófugos e
refugiados, restituindo-lhes dignidade e segurança, com o devido respeito pela sua
identidade e liberdade religiosa. […]

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MENSAGEM DO PAPA FRANCISCOAO ARCEBISPO DE AGRIGENTOPOR OCASIÃO DO PRIMEIRO ANIVERSÁRIODA VISITA A LAMPEDUSA

Ao Venerado Irmão D. Francesco Montenegro
Arcebispo de Agrigento
O aniversário da minha visita à Ilha de Lampedusa evoca na minha alma
sentimentos de reconhecimento ao Senhor por me ter dado a possibilidade de
visitar essa porção de terra siciliana para rezar pelas inúmeras vítimas dos
naufrágios; realizar um gesto de proximidade aos imigrantes em busca de uma vida
melhor e despertar a atenção pelos seus dramas; exprimir gratidão aos habitantes
de Lampedusa e Linosa comprometidos numa louvável obra de solidariedade,
apoiados por associações, voluntários e forças de segurança. Naquele encontro tão
cheio de significado, juntamente com a Igreja que está em Agrigento, sentia-se a
presença espiritual e afectiva de todas as comunidades católicas italianas, que a
vários níveis e de múltiplas formas são parte activa da acção de acolhimento dos
migrantes.
Depois de um ano, o problema da imigração está a agravar-se e, infelizmente,
sucederam-se outras tragédias num ritmo premente. O nosso coração sente
dificuldade em aceitar a morte desses nossos irmãos e irmãs, que enfrentam
viagens extenuantes para fugir de dramas, pobreza, guerras, conflitos, com
frequência ligados a políticas internacionais. Volto espiritualmente ao largo do mar
Mediterrâneo para chorar com quantos sofrem e para lançar as flores da oração de
sufrágio pelas mulheres, homens e crianças vítimas de um drama que parece não
ter fim, e que exige ser tratado não com a lógica da indiferença mas com a lógica
da hospitalidade e da partilha, a fim de tutelar e promover a dignidade e a
centralidade de cada ser humano.
Encorajo as comunidades cristãs e cada pessoa de boa vontade a continuar a
inclinar-se sobre quem tem necessidade para lhe estender a mão, sem cálculos,
sem temor, com ternura e compreensão. Ao mesmo tempo, desejo que as
Instituições competentes, especialmente a nível europeu, tenham coragem e sejam
generosas no socorro aos refugiados.
Com tais votos, concedo a Vossa Excelência, querido Irmão, a quantos participarem
nos vários momentos de oração e a toda a Comunidade diocesana a implorada
Bênção Apostólica.[…]

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AUDIÊNCIA GERAL

[…] Depois de amanhã, 20 de Junho, celebra-se o Dia Mundial do Refugiado, que a
Comunidade internacional dedica a quem é obrigado a deixar a sua terra para fugir
dos conflitos e das perseguições. O número destes irmãos refugiados aumenta e,
nestes últimos dias, outros milhares de pessoas viram-se obrigadas a deixar as
suas casas para se salvar. Milhões de famílias — milhões — refugiadas de muitos
países e de todos os credos religiosos vivem na própria história dramas e feridas
que dificilmente poderão ser curadas. Permaneçamos próximos deles,
compartilhando os seus temores e as suas incertezas em relação ao futuro e
aliviando concretamente os seus sofrimentos. O Senhor sustenha as pessoas e as
instituições que trabalham com generosidade para garantir aos refugiados
acolhimento e dignidade, e para lhes dar motivos de esperança. Pensemos que
Jesus foi um refugiado, teve que escapar para salvar a vida com são José e Nossa
Senhora, e fugiu para o Egipto. Ele foi um refugiado. Oremos a Nossa Senhora, que
conhece as dores dos refugiados, para que esteja próxima destes nossos irmãos e
irmãs. Rezemos juntos a Nossa Senhora pelos nossos irmãos e irmãs refugiados.
[Ave Maria…] Maria, Mãe dos refugiados, intercede por nós![…]

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DISCURSO DO PAPA FRANCISCOÀ SUA GRAÇA JUSTIN WELBYPRIMAZ DA COMUNHÃO ANGLICANA

Vossa Graça
Senhor Cardeal Nichols
Senhor Cardeal Koch
Amados irmãos e irmãs!
[…] Vossa Graça, quando nos encontrámos pela primeira vez, falámos das
preocupações comuns e do nosso sofrimento face aos males que afligem a família
humana. Em particular, expressamos o mesmo horror perante a chaga do tráfico de
seres humanos e das diversas formas de escravidão moderna. Agradeço a Vossa
Graça o compromisso que demonstra ao opor-se a este crime intolerável contra a
dignidade humana. Neste vasto campo de acção, que se apresenta em toda a sua
urgência, foram iniciadas significativas actividades de cooperação quer em âmbito
ecuménico, quer com autoridades civis e organizações internacionais. São muitas
as iniciativas caritativas surgidas das nossas comunidades e guiadas com
generosidade e coragem em várias partes do mundo. Penso em particular na rede
de acção contra o tráfico de mulheres criada por numerosos institutos religiosos
femininos. Comprometamo-nos a perseverar na luta às novas formas de
escravidão, confiando poder contribuir para dar alívio às vítimas e contrastar este
trágico comércio. Como discípulos enviados a curar o mundo ferido, dou graças a
Deus que nos tornou capazes de fazer frente comum contra esta gravíssima chaga,
com perseverança e determinação..

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PALAVRAS DO PAPA FRANCISCODURANTE A VISITA À COMUNIDADE DE SANTO EGÍDIO

Amados amigos
[…] É a partir dos pobres e dos idosos que se começa a mudar uma sociedade.
Jesus diz de si mesmo: «A pedra rejeitada pelos construtores tornou-se a pedra
angular» (Mt 21, 42)? Inclusive os pobres são, de certa maneira, «pedras
angulares» destinadas à construção da sociedade. Hoje, infelizmente, uma
economia especulativa torna-os cada vez mais pobres, privando-os do essencial,
como a casa e o trabalho. Isto é inaceitável! Quem vive a solidariedade não aceita
esta situação e reage. E muitas pessoas desejam eliminar do dicionário a palavra
«solidariedade», porque para uma determinada cultura ela parece um palavrão.
Não! A solidariedade é uma palavra cristã! E por este motivo vós sois uma família
para os desabrigados, amigos das pessoas portadores de deficiência que — quando
são amadas — exprimem uma grande humanidade! Além disso, vejo aqui também
muitos «novos europeus», imigrantes que chegaram empreendendo viagens
dolorosas e arriscadas. A Comunidade acolhe-os com solicitude, demonstrando que

o estrangeiro é nosso irmão, que deve ser conhecido e ajudado. E isto rejuvenesce-
nos. […]

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DISCURSO DO PAPA FRANCISCOÀS MISERICÓRDIAS DA ITÁLIA E AOS GRUPOS «FRATRES»NO 30o ANIVERSÁRIO DA AUDIÊNCIACOM O PAPA JOÃO PAULO II

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
[…] As «Misericórdias», antiga expressão do laicado católico e bem arraigadas no
território italiano, estão comprometidas no testemunho do Evangelho da caridade
entre os enfermos, os idosos, os portadores de deficiência, os menores, os
imigrantes e os pobres. Todo o vosso serviço adquire sentido e forma a partir desta
palavra: «misericórdia», palavra latina cujo significado etimológico é «miseris cor
dare», «dar o coração aos miseráveis», a quantos estão em necessidade, àqueles
que sofrem. […]

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AUDIÊNCIA GERAL

[…]Penso em quantos vivem do tráfico de pessoas e do trabalho escravo; pensais
que quantos traficam pessoas, que exploram o próximo com o trabalho escravo têm
o amor de Deus no seu coração? Não, não têm temor de Deus e não são felizes.
Não o são! Penso naqueles que fabricam armas para fomentar as guerras; mas que
profissão é esta! Estou convicto de que se agora eu vos dirigir a pergunta: quantos
de vós sois fabricantes de armas? Nenhum, ninguém! Estes fabricantes de armas
não vêm para ouvir a Palavra de Deus! Eles fabricam a morte, são mercantes de
morte, fazem da morte mercadoria. Que o temor de Deus os leve a compreender
que um dia tudo acaba e que deverão prestar contas a Deus. […].