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AUDIÊNCIA GERAL

[…] O último encontro — bonito e também doloroso — foi com um grupo de jovens
hóspedes dos Salesianos. Era muito importante para mim encontrar alguns
refugiados das áreas de guerra do Médio Oriente, quer para lhes manifestar a
proximidade minha e da Igreja, quer para frisar o valor da hospitalidade, na qual
também a Turquia se comprometeu em grande medida. Agradeço mais uma vez à
Turquia o acolhimento de tantos refugiados e, de coração, aos Salesianos de

Istambul. Estes Salesianos trabalham muito pelos refugiados, parabéns! Encontrei-
me também com outros sacerdotes alemães, um dos quais jesuíta, e com outros

que trabalham com os refugiados, mas aquele oratório salesiano dos refugiados é
muito bonito, é um trabalho escondido. Estou deveras grato a todas as pessoas que
trabalham com os refugiados. E oremos por todos os prófugos e refugiados, e para
que sejam eliminadas as causas deste flagelo doloroso.[…]

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PALAVRAS DO PAPA FRANCISCODURANTE A VISITA À COMUNIDADE DE SANTO EGÍDIO

Senhoras e Senhores
Estou grato a todos os líderes religiosos aqui congregados, pelo seu compromisso
em benefício de quantos sobreviveram ao tráfico de pessoas, e a todos os
presentes, pela intensa participação neste testemunho de fraternidade,
especialmente em relação aos mais sofredores dos nossos irmãos. Inspirados pelas
nossas profissões de fé, hoje reunimo-nos para uma iniciativa histórica e para uma
obra concreta: declarar que trabalharemos juntos para erradicar o terrível flagelo
da escravidão moderna em todas as suas formas. […]
[…] Por isso, declaremos em nome de todos e de cada um dos nossos credos, que a
escravidão moderna — em forma de tráfico de pessoas, de trabalho forçado, de
prostituição, de tráfico de órgãos — é um crime de «lesa humanidade». As suas
vítimas pertencem a todas as condições, mas na maioria dos casos contam-se entre
os mais pobres, entre os mais vulneráveis dos nossos irmãos e irmãs.[…]
[…] Não obstante os grandes esforços envidados por muitas pessoas, a escravidão
moderna continua a constituir um flagelo atroz que, em vasta escala, está presente
no mundo inteiro, até em forma de turismo. Este crime de «lesa humanidade»
esconde-se por detrás de aparentes hábitos normalmente aceites, mas na realidade
faz as suas vítimas na prostituição, no tráfico de pessoas, no trabalho forçado, na
mutilação, na venda de órgãos, no consumo de drogas, no trabalho infantil.
Esconde-se por detrás de portas fechadas, em ambientes privados, nas ruas, nos
automóveis, nas fábricas, nos campos, nas embarcações e em muitos outros
lugares. E isto acontece tanto nas cidades como nas aldeias, nos centros de
acolhimento das nações mais ricas e das mais pobres do mundo. E o pior é que,
infelizmente, esta situação se agrava cada dia mais. […]
[…]Peço ao Senhor que hoje nos conceda a graça de nos convertermos no próximo
de cada pessoa, sem quaisquer excepções, oferecendo a ajuda concreta àqueles
que encontrarmos ao longo do nosso caminho — quer se trate de um idoso
abandonado por todos, de um trabalhador injustamente escravizado e desprezado,
de uma refugiada ou de um refugiado capturados pelos laços da criminalidade, de
um jovem ou de uma jovem que caminham pelas veredas do mundo, vítimas do
comércio sexual, de um homem ou de uma mulher induzidos à prostituição
mediante o engano, por pessoas sem temor de Deus, de um menino ou de uma
menina com os seus órgãos mutilados — e que se apelam à nossa consciência,
fazendo eco à voz do Senhor: Digo-vos que todas as vezes que fizestes isto a um
destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes.[…]

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SAUDAÇÃO AOS JOVENS REFUGIADOS ASSISTIDOS PELOS SALESIANOSDISCURSO DO SANTO PADRE

Vossa Graça
Senhor Cardeal Nichols
Senhor Cardeal Koch
Amados irmãos e irmãs!
[…] Vossa Graça, quando nos encontrámos pela primeira vez, falámos das
preocupações comuns e do nosso sofrimento face aos males que afligem a família
humana. Em particular, expressamos o mesmo horror perante a chaga do tráfico de
seres humanos e das diversas formas de escravidão moderna. Agradeço a Vossa
Graça o compromisso que demonstra ao opor-se a este crime intolerável contra a
dignidade humana. Neste vasto campo de acção, que se apresenta em toda a sua
urgência, foram iniciadas significativas actividades de cooperação quer em âmbito
ecuménico, quer com autoridades civis e organizações internacionais. São muitas
as iniciativas caritativas surgidas das nossas comunidades e guiadas com
generosidade e coragem em várias partes do mundo. Penso em particular na rede
de acção contra o tráfico de mulheres criada por numerosos institutos religiosos
femininos. Comprometamo-nos a perseverar na luta às novas formas de
escravidão, confiando poder contribuir para dar alívio às vítimas e contrastar este
trágico comércio. Como discípulos enviados a curar o mundo ferido, dou graças a
Deus que nos tornou capazes de fazer frente comum contra esta gravíssima chaga,
com perseverança e determinação..

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VISITA AO PRESIDENTE DOS ASSUNTOS RELIGIOSOS NO DIYANETDISCURSO DO SANTO PADRE

Senhor Presidente,
Autoridades religiosas e civis,
Senhoras e senhores!
[…] Verdadeiramente trágica é a situação no Médio Oriente, especialmente no
Iraque e na Síria. Todos sofrem com as consequências dos conflitos, e a situação
humanitária é angustiante. Penso em tantas crianças, nos sofrimentos de tantas
mães, nos idosos, nos deslocados e refugiados, nas violências de todo o género.
Particularmente preocupante é o facto de que, sobretudo por causa de um grupo
extremista e fundamentalista, comunidades inteiras – especialmente de cristãos e
yazidis, mas não só – sofreram, e ainda sofrem, violências desumanas por causa da
sua identidade étnica e religiosa. Foram expulsos à força das suas casas, tiveram
de abandonar tudo para salvar a sua vida e não renegar a fé. A violência abateu-se
também sobre edifícios sagrados, monumentos, símbolos religiosos e o património
cultural, como se quisessem apagar todo o vestígio, qualquer memória do outro.
[…]

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ENCONTRO COM AS AUTORIDADESDISCURSO DO SANTO PADRE

Senhor Presidente,
Ilustres Autoridades
Senhoras e senhores!
[…] A Turquia, acolhendo generosamente um grande número de refugiados, é
directamente afectada pelos efeitos desta situação dramática nas suas fronteiras, e
a comunidade internacional tem a obrigação moral de a ajudar a cuidar dos
refugiados. Juntamente com a assistência humanitária necessária, não se pode
permanecer indiferente àquilo que provocou estas tragédias. Enquanto reitero que
é lícito deter o injusto agressor – sempre porém no respeito pelo direito
internacional – quero lembrar também que não se pode confiar a resolução do
problema somente à resposta militar.[…]

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DISCURSO DO PAPA FRANCISCOAOS PARTICIPANTES NO CONGRESSO INTERNACIONALDE PASTORAL DAS GRANDES CIDADES

Prezados irmãos
[…] Deus continua a falar-nos também hoje, como sempre fez, através dos pobres,
do «resto». Em geral, as grandes cidades de hoje são habitadas por numerosos
migrantes e pobres, provenientes das áreas rurais, ou até de outros Continentes,
com outras culturas. Inclusive Roma… O Vice-Bispo de Roma pode dizê-lo, não
pode? Há numerosos indigentes em toda a parte… Eles são peregrinos da vida, em
busca de «salvação», que muitas vezes têm a força de ir em frente e de lutar,
graças a um sentido último que recebem de uma simples e profunda experiência de
fé em Deus. O desafio é dúplice: ser hospitaleiro em relação aos pobres e aos
migrantes — em geral, a cidade não o é, pois rejeita-os! — e valorizar a sua fé.
Muito provavelmente, esta fé vive misturada com elementos do pensamento
mágico e imanentista, mas temos o dever de a procurar, reconhecer, interpretar e,
certamente, também evangelizar. Contudo, não tenho dúvidas de que na fé destes
homens e destas mulheres existe uma enorme potencialidade para a evangelização
das áreas urbanas. […]

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DISCURSO DO SANTO PADREAO PARLAMENTO EUROPEU

Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Vice-Presidentes,
Ilustres Eurodeputados,
Pessoas que a vário título trabalhais neste hemiciclo,
Queridos amigos!
[…]De igual forma, é necessário enfrentar juntos a questão migratória. Não se pode
tolerar que o Mar Mediterrâneo se torne um grande cemitério! Nos barcos que
chegam diariamente às costas europeias, há homens e mulheres que precisam de

acolhimento e ajuda. A falta de um apoio mútuo no seio da União Europeia arrisca-
se a incentivar soluções particularistas para o problema, que não têm em conta a

dignidade humana dos migrantes, promovendo o trabalho servil e contínuas
tensões sociais. A Europa será capaz de enfrentar as problemáticas relacionadas
com a imigração, se souber propor com clareza a sua identidade cultural e
implementar legislações adequadas capazes de tutelar os direitos dos cidadãos
europeus e, ao mesmo tempo, garantir o acolhimento dos imigrantes; se souber
adoptar políticas justas, corajosas e concretas que ajudem os seus países de
origem no desenvolvimento sociopolítico e na superação dos conflitos internos – a
principal causa deste fenómeno – em vez das políticas interesseiras que aumentam
e nutrem tais conflitos. É necessário agir sobre as causas e não apenas sobre os
efeitos.[…]

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DISCURSO DO SANTO PADREAO CONSELHO DA EUROPA

Senhor Secretário-Geral, Senhora Presidente,
Excelências, Senhoras e Senhores!
[…] Mas a paz é posta à prova também por outras formas de conflito, como o
terrorismo religioso e internacional que nutre profundo desprezo pela vida humana
e ceifa, de forma indiscriminada, vítimas inocentes. Infelizmente este fenómeno é
alimentado por um tráfico de armas, muitas vezes sem qualquer entrave. A Igreja
considera que «a corrida aos armamentos é um terrível flagelo para a humanidade
e prejudica os pobres de uma forma intolerável»[5]. A paz é violada também pelo
tráfico de seres humanos, a nova escravatura do nosso tempo que transforma as
pessoas em mercadoria de troca, privando as vítimas de toda a dignidade. Depois,
não raro damo-nos conta de como estão interligados estes fenómenos. O Conselho
da Europa, através das suas Comissões e grupos de peritos, desempenha um papel
importante e significativo no combate a tais formas de desumanidade. […]
[…] De igual modo são numerosos os desafios do mundo contemporâneo que
necessitam de estudo e de um empenhamento comum, a começar pelo acolhimento
dos imigrantes, que precisam primariamente do essencial para viver, mas
sobretudo que lhes seja reconhecida a sua dignidade de pessoas. Temos depois o
grave problema do trabalho em toda a sua amplitude, especialmente pelos altos
níveis de desemprego juvenil que se registam em muitos países – uma real
hipoteca que grava sobre o futuro – mas também pela questão da dignidade do
trabalho. […]

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ÀS PESSOAS CONSAGRADAS

[…] De vós espero gestos concretos de acolhimento dos refugiados, de
solidariedade com os pobres, de criatividade na catequese, no anúncio do
Evangelho, na iniciação à vida de oração. Consequentemente almejo a
racionalização das estruturas, a reutilização das grandes casas em favor de obras
mais cônsonas às exigências actuais da evangelização e da caridade, a adaptação
das obras às novas necessidades.[…]

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ANGELUS

Depois do Angelus
Caros irmãos e irmãs
Durante estes dias, em Roma, houve tensões bastante fortes entre residentes e
imigrantes. Trata-se de episódios que se verificam em várias cidades europeias,
especialmente em bairros periféricos marcados por outras dificuldades. Convido as
instituições de todos os níveis a assumir como prioridade aquela que já representa
uma emergência social e que, se não for enfrentada quanto antes e de modo
adequado, corre o risco de degenerar cada vez mais. A comunidade cristã
compromete-se de modo concreto para que não haja desencontro, mas encontro.
Cidadãos e imigrantes, juntamente com os representantes das instituições, podem
encontrar-se até num salão paroquial para enfrentar esta situação. O importante é
não ceder à tentação do conflito, evitando qualquer violência. É possível dialogar,
ouvir uns aos outros, fazer programas conjuntos e deste modo superar a suspeita e
o preconceito e construir uma convivência cada vez mais segura, pacífica e
inclusiva.
Saúdo todos vós, famílias, paróquias, associações e fiéis individualmente,
provenientes da Itália e de muitas regiões do mundo. Desejo um feliz domingo a
todos! Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Bom almoço e até à vista!