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DISCURSO DO PAPA FRANCISCO A UM GRUPO DE NOVOS EMBAIXADORES POR OCASIÃO DA APRESENTAÇÃO DA CARTAS CREDENCIAIS

[…] Nestes tempos de profundas mudanças sociais e políticas, não pode faltar o compromisso a favor deste princípio por parte dos governos e dos povos. É essencial que o respeito pela dignidade humana e pelos direitos humanos inspire e oriente todos os esforços para enfrentar as graves situações de guerra e conflitos armados, de pobreza opressora, discriminação e desigualdade que afligem o nosso mundo, e que nos últimos anos contribuíram para a atual crise das migrações de massa. Nenhuma solução humanitária eficaz para aquele problema premente pode ignorar a nossa responsabilidade moral, com a devida atenção ao bem comum, para acolher, proteger, promover e integrar quantos batem às nossas portas em busca de um futuro seguro para si mesmos e para os seus filhos (cf. Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2018, 4). Por sua vez, a Igreja está comprometida a trabalhar com todos os interlocutores responsáveis, num diálogo construtivo que visa propor soluções concretas para este e outros urgentes problemas humanitários, com a finalidade de preservar vidas humanas e dignidade, aliviando sofrimentos e incrementando um desenvolvimento autêntico e integral. […]

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MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO AOS PARTICIPANTES NA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL “OS DIREITOS HUMANOS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO: CONQUISTAS, OMISSÕES, NEGAÇÕES”

[…] Penso, entre outras coisas, nos nascituros aos quais é negado o direito de vir ao mundo; em quantos não têm acesso aos meios indispensáveis para uma vida digna;(5) em quantos estão excluídos de uma educação adequada; em quem injustamente está privado de trabalho ou obrigado a trabalhar como um escravo; naqueles que estão presos em condições desumanas, que sofrem torturas ou aos quais é negada a possibilidade de se redimir;(6) nas vítimas de desaparecimentos forçados e nas suas famílias. O meu pensamento dirige-se também a quantos vivem num clima dominado pela suspeita e pelo desprezo, que são vítimas de ações de intolerância, discriminação e violência devido à sua pertença racial, étnica, nacional ou religiosa.(7) Por fim, não posso deixar de recordar quantos sofrem múltiplas violações dos próprios direitos fundamentais no trágico contexto dos conflitos armados, enquanto mercadores de morte(8) sem escrúpulos se enriquecem com o preço do sangue dos seus irmãos e irmãs. Face a estes graves fenómenos, todos somos chamados em causa. De facto, quando os direitos fundamentais são violados, quando são privilegiados alguns em detrimento de outros, ou quando são garantidos só a determinados grupos, então verificam-se graves injustiças, que por sua vez alimentam conflitos com graves consequências quer no âmbito de cada Nação quer nas relações entre elas. Portanto, cada um é chamado a contribuir com coragem e determinação, na especificidade do próprio papel, para o respeito dos direitos fundamentais de cada pessoa, especialmente das que são “invisíveis”: de muitos que têm fome e sede, que estão nus, doentes, são estrangeiros ou presos (cf. Mt 25, 35-36), que vivem à margem da sociedade ou são por ela descartados. […]

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MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO PARA A CELEBRAÇÃO DO DIA MUNDIAL DA PAZ 1º DE JANEIRO DE 2019 «A BOA POLÍTICA ESTÁ AO SERVIÇO DA PAZ»

[…] 4. Os vícios da política A par das virtudes, não faltam infelizmente os vícios, mesmo na política, devidos quer à inépcia pessoal quer às distorções no meio ambiente e nas instituições. Para todos, está claro que os vícios da vida política tiram credibilidade aos sistemas dentro dos quais ela se realiza, bem como à autoridade, às decisões e à ação das pessoas que se lhe dedicam. Estes vícios, que enfraquecem o ideal duma vida democrática autêntica, são a vergonha da vida pública e colocam em perigo a paz social: a corrupção – nas suas múltiplas formas de apropriação indevida dos bens públicos ou de instrumentalização das pessoas –, a negação do direito, a falta de respeito pelas regras comunitárias, o enriquecimento ilegal, a justificação do poder pela força ou com o pretexto arbitrário da «razão de Estado», a tendência a perpetuar-se no poder, a xenofobia e o racismo, a recusa a cuidar da Terra, a exploração ilimitada dos recursos naturais em razão do lucro imediato, o desprezo daqueles que foram forçados ao exílio. […] 6. Não à guerra nem à estratégia do medo Cem anos depois do fim da I Guerra Mundial, ao recordarmos os jovens mortos durante aqueles combates e as populações civis dilaceradas, experimentamos – hoje, ainda mais que ontem – a terrível lição das guerras fratricidas, isto é, que a paz não pode jamais reduzir-se ao mero equilíbrio das forças e do medo. Manter o outro sob ameaça significa reduzi-lo ao estado de objeto e negar a sua dignidade. Por esta razão, reiteramos que a escalada em termos de intimidação, bem como a proliferação descontrolada das armas são contrárias à moral e à busca duma verdadeira concórdia. O terror exercido sobre as pessoas mais vulneráveis contribui para o exílio de populações inteiras à procura duma terra de paz. Não são sustentáveis os discursos políticos que tendem a acusar os migrantes de todos os males e a privar os pobres da esperança. Ao contrário, deve-se reafirmar que a paz se baseia no respeito por toda a pessoa, independentemente da sua história, no respeito pelo direito e o bem comum, pela criação que nos foi confiada e pela riqueza moral transmitida pelas gerações passadas. O nosso pensamento detém-se, ainda e de modo particular, nas crianças que vivem nas zonas atuais de conflito e em todos aqueles que se esforçam por que a sua vida e os seus direitos sejam protegidos. No mundo, uma em cada seis crianças sofre com a violência da guerra ou pelas suas consequências, quando não é requisitada para se tornar, ela própria, soldado ou refém dos grupos armados. O testemunho daqueles que trabalham para defender a dignidade e o respeito das crianças é extremamente precioso para o futuro da humanidade. 7. Um grande projeto de paz Celebra-se, nestes dias, o septuagésimo aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada após a II Guerra Mundial. A este respeito, recordemos a observação do Papa São João XXIII: «Quando numa pessoa surge a consciência dos próprios direitos, nela nascerá forçosamente a consciência do dever: no titular de direitos, o dever de reclamar esses direitos, como expressão da sua dignidade; nos demais, o dever de reconhecer e respeitar tais direitos».[7] Com efeito, a paz é fruto dum grande projeto político, que se baseia na responsabilidade mútua e na interdependência dos seres humanos. Mas é também um desafio que requer ser abraçado dia após dia. A paz é uma conversão do coração e da alma, sendo fácil reconhecer três dimensões indissociáveis desta paz interior e comunitária: – a paz consigo mesmo, rejeitando a intransigência, a ira e a impaciência e – como aconselhava São Francisco de Sales – cultivando «um pouco de doçura para consigo mesmo», a fim de oferecer «um pouco de doçura aos outros»; – a paz com o outro: o familiar, o amigo, o estrangeiro, o pobre, o atribulado…, tendo a ousadia do encontro, para ouvir a mensagem que traz consigo; – a paz com a criação, descobrindo a grandeza do dom de Deus e a parte de responsabilidade que compete a cada um de nós, como habitante deste mundo, cidadão e ator do futuro. A política da paz, que conhece bem as fragilidades humanas e delas se ocupa, pode sempre inspirar-se ao espírito do Magnificat que Maria, Mãe de Cristo Salvador e Rainha da Paz, canta em nome de todos os homens: A «misericórdia [do TodoPoderoso] estende-se de geração em geração sobre aqueles que O temem. Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes (…), lembrado da sua misericórdia, como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência, para sempre» (Lc 1, 50- 55).

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DISCURSO DO SANTO PADRE FRANCISCO AO RELIGIOSO DA ORDEM DA VIRGEM MARIA ABENÇOADA DO MERCEDE (MERCEDARIANOS), NO VIII CENTENÁRIO DA FUNDAÇÃO

[…] Como membros de uma ordem redentora, você deve primeiro experimentar em si mesmo a redenção de Cristo para ajudar seus irmãos a descobrir o Deus que salva. “Resgatados para redimir”, uma boa definição da sua vida e da sua vocação. Convidoos a continuarem a ser portadores da redenção do Senhor aos prisioneiros, refugiados e migrantes, aos que caem nas redes do tráfico de seres humanos, aos adultos vulneráveis, órfãos e crianças exploradas … Traga a todos aqueles que estão descartados da sociedade a ternura e a misericórdia de Deus. […]

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PAPA FRANCISCO ANGELUS

Caros irmãos e irmãs! O Advento é tempo de esperança. Neste momento, gostaria de fazer minha a esperança de paz das crianças da Síria, da amada Síria, martirizada por uma guerra que já dura há oito anos. Por isso, aderindo à iniciativa de “Ajuda à Igreja que Sofre”, acenderei um círio, juntamente com muitas crianças que farão o mesmo, crianças sírias e muitos fiéis do mundo que hoje acendem as suas velas. [acende o círio] Esta chama de esperança e tantas pequenas chamas de esperança dissipem as trevas da guerra! Oremos e ajudemos os cristãos a permanecer na Síria e no Médio Oriente como testemunhas de misericórdia, de perdão e de reconciliação. A chama da esperança alcance também todos aqueles que, nestes dias, sofrem conflitos e tensões em várias outras partes do mundo, próximas e distantes. A oração da Igreja os ajude a sentir a proximidade do Deus fiel e sensibilize cada consciência, a um compromisso sincero a favor da paz. E que Deus, nosso Senhor, perdoe quantos promovem a guerra, aqueles que fabricam as armas para se destruírem, e converta o seu coração. Oremos pela paz na amada Síria. […]

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MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO A SUA SANTIDADE BARTOLOMEU I POR OCASIÃO DA FESTA DE SANTO ANDRÉ PADROEIRO DO PATRIARCADO ECUMÉNICO

[…] As nossas Igrejas salvaguardaram com grande zelo a tradição apostólica, juntamente com o ensinamento dos primeiros Concílios Ecuménicos e dos Padres da Igreja, não obstante as diferenças que se desenvolveram nas tradições locais e nas formulações teológicas, que devem ser compreendidas e esclarecidas de maneira mais aprofundada. Ao mesmo tempo, ambas as Igrejas, com sentido de responsabilidade para com o mundo, ouviram a chamada urgente, que diz respeito a todos nós que fomos batizados, a proclamar o Evangelho a todos os homens e mulheres. Por esta razão, hoje podemos trabalhar juntos pela busca da paz entre os povos, pela abolição de todas as formas de escravidão, pelo respeito e dignidade de cada ser humano e pelo cuidado da criação. Com a ajuda de Deus, através do encontro e do diálogo no caminho percorrido juntos nos últimos cinquenta anos, já experimentamos estar em comunhão, embora ainda não seja plena e completa. […]

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SAUDAÇÃO DO PAPA FRANCISCO AOS REPRESENTANTES DA FUNDAÇÃO MARONITA NO MUNDO E UM GRUPO DE PARLAMENTARES LIBANESES

Bom dia! Agradeço-vos a vossa visita. É interessante quanto afirmou o Patriarca (Raï), ou seja, que a visita ad limina é acompanhada por fiéis. É uma boa ideia, pode ser oficializada, deste modo podem falar mal dos bispos! Está bem! Assim sabemos as coisas mais concretas da comunidade. Isto faz-me pensar também no milagre da multiplicação dos pães, porque me disseram: “Haverá cerca de quarenta pessoas para saudar”, mas assisti à multiplicação dos libaneses! Contudo, obrigado por terdes vindo tão numerosos, obrigado. Gostaria de agradecer a comunidade libanesa tudo o que faz no Líbano. Por duas razões: manter o equilíbrio — este equilíbrio criativo, forte como o cedro — entre cristãos e muçulmanos, sunitas e xiitas; um equilíbrio entre patriotas, entre irmãos. Obrigado em primeiro lugar por tudo isto. E gostaria também de agradecer outra coisa: a vossa generosidade, o vosso coração acolhedor para com os refugiados: tendes mais de um milhão. Obrigado, muito obrigado! E agora vou pedir que o Senhor vos abençoe a todos. O Senhor abençoe a vós, as vossas famílias, a vossa pátria, os vossos filhos, os vossos refugiados. Abençoe todos vós. Amém!

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DISCURSO DO PAPA FRANCISCO AOS MEMBROS DA CONSULTA DA ORDEM EQUESTRE DO SANTO SEPULCRO DE JERUSALÉM

[…] Reunistes-vos para os trabalhos da Consulta, a assembleia geral que celebrais a cada cinco anos junto da Sé de Pedro. Aqui no Vaticano, de certo modo, estais em casa, pois constituís uma antiga instituição pontifícia posta sob a proteção da Santa Sé. A partir da última Consulta de 2013 a Ordem cresceu em número de membros, em expansão geográfica, com a criação de novas articulações periféricas, em assistência material que ofereceu à Igreja na Terra Santa e em número de peregrinações realizadas pelos vossos membros. Agradeço-vos o apoio aos programas de utilidade pastoral e cultural e encorajo-vos a prosseguir o vosso compromisso, ao lado do Patriarcado latino, para contrastar a crise dos refugiados que nos últimos cinco anos induziu a Igreja a oferecer uma significativa resposta humanitária em toda a região. […]

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DISCURSO DO PAPA FRANCISCO AOS PARTICIPANTES NA ASSEMBLEIA PLENÁRIA DA PONTIFÍCIA ACADEMIA DAS CIÊNCIAS

[…] Aprecio que a Academia se concentre também sobre os novos conhecimentos necessários para enfrentar as chagas da sociedade contemporânea. Os povos pedem justamente para participar na construção das próprias sociedades. Os proclamados direitos universais devem tornar-se realidade para todos e a ciência pode contribuir de modo decisivo para tal processo e para o abatimento das barreiras que o impedem. Agradeço à Academia das Ciências a sua preciosa colaboração ao contrastar aquele crime contra a humanidade que é o tráfico de pessoas finalizado a trabalho forçado, prostituição e tráfico de órgãos. Acompanho-vos nesta batalha de humanidade. […]

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DISCURSO DO PAPA FRANCISCO À PLENÁRIA DO PONTIFÍCIO COMITÊ PARA OS CONGRESSOS EUCARÍSTICOS INTERNACIONAIS

[…] A segunda atitude é o serviço. A comunidade eucarística, comunicando com o destino de Jesus Servo, torna-se ela mesma “serva”: comendo o “corpo doado” tornase “corpo oferecido pelas multidões”. Voltando continuamente ao “quarto de cima” (cf. At 1, 13), ventre da Igreja, onde Jesus lavou os pés aos seus discípulos, os cristãos servem a causa do Evangelho, inserindo-se nos lugares da fraqueza e da cruz para partilhar e sarar. São muitas as situações na Igreja e na sociedade, sobre as quais derramar o bálsamo da misericórdia com obras espirituais e corporais: famílias em necessidade, jovens e adultos sem trabalho, doentes e idosos sozinhos, migrantes marcados por dificuldades e violências — e rejeitados — e outras pobrezas. Nestes lugares da humanidade ferida os cristãos celebram o memorial da Cruz e tornam vivo e presente o Evangelho do Servo Jesus, que se entregou por amor. Desta maneira, os batizados semeiam uma cultura eucarística fazendo-se servos dos pobres, não em nome de uma ideologia mas do próprio Evangelho, que se torna regra de vida dos indivíduos e das comunidades, como testemunha a multidão ininterrupta de santos e santas da caridade. […]